Biofuel vai pressionar preços agrícolas, adverte FAO-OCDE
09/01/2009
O documento assinado pelas duas organizações aponta para a duplicação da produção de milho para etanol nos EUA, entre 2006 e 2016, enquanto a utilização de oleaginosas na União Europeia para obtenção de biocombustíveis deverá de 10 para 20 milhões de toneladas nesse período.
Quanto ao Brasil, considerado líder mundial na indústria do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, o relatório antecipa um crescimento em mais do dobro no volume de etanol produzido: das actuais 21.000 milhões de toneladas, para 44 mil milhões em 2016.
O relatório intitulado «OECD-FAO Agricultural Outlook 2007-2016» nota que alguns factores temporários como as secas e stocks reduzidos de cereais foram os principais factores a influenciar os picos recentes nos preços. Mas, perspectivando períodos mais longos, o estudo identifica a emergência de «mudanças estruturais» que manterão os valores nominais dos preços agrícolas em níveis elevados na próxima década.
Os autores do estudo apontam para aumentos de preço entre 20 e 50% em alguns produtos agrícolas nos mercados internacionais ao longo dos próximos 10 anos.
De acordo com o relatório agência das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) e Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento (OCDE), além de algumas tendências já em curso – decréscimo nos excedentes para semente e a redução progressiva dos subsídios à exportação -, o factor de mudança mais importante decorre da utilização crescente de cereais, oleaginosas e vegetais na produção de biocombustíveis (etanol e biodiesel).
O efeito induzido da elevada procura de produtos agrícolas para este novo sector da energia aponta para uma pressão nos preços das sementes, nos custos das rações para animais e, no final da cadeia, nos preços da alimentação, cenário que levanta preocupação particular não só em relação aos países que são importadores líquidos de bens alimentares, como também em relação à chamada miséria urbana.
Fonte:
Dinheiro Digital