BC vê trajetória benigna da inflação mas frisa cautela

19/03/2009

SÃO PAULO (Reuters) – O Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou nesta quinta-feira que, apesar do desaquecimento econômico aliviar as pressões inflacionárias, é preciso cautela ao definir a trajetória da Selic.

Na ata da última reunião, o colegiado do Banco Central destacou que, diante dos sinais de arrefecimento da atividade econômica por conta da crise global, "continuaram ampliando-se de forma importante as perspectivas de concretização de um cenário inflacionário benigno".

"Ainda assim, a despeito de haver margem para um processo de flexibilização, a política monetária deve manter postura cautelosa, visando assegurar a convergência da inflação para a trajetória das metas."

Para analistas, a ata deixa em aberto o tamanho dos próximos cortes do juro básico.

Na semana passada, o Copom reduziu a Selic em 1,5 ponto percentual, para 11,25 por cento ao ano –menor patamar já alcançado.

"Apesar de haver espaço para corte, talvez os seguintes não sejam tão grandes. Acho que o BC vai concentrar os cortes no curto prazo e ver como a economia está reagindo", afirmou Flávio Serrano, economista sênior do BES Investimentos.

O BC também ressaltou na ata a defasagem entre a decisão de política monetária e os efeitos na atividade e na inflação. "Tais considerações ganham ainda mais relevância em momentos cercados por mais incerteza", disse.

O Copom começou a reduzir a Selic em janeiro deste ano, movimento que não era feito desde setembro de 2007.

"O comitê entende que o desaquecimento da demanda… criou importante margem de ociosidade dos fatores de produção. Esse desenvolvimento deve contribuir para conter as pressões inflacionárias, abrindo espaço para flexibilização da política monetária", acrescentou a ata.

"Por outro lado, além do fato de que mudanças da taxa de juros têm efeitos sobre a atividade e a inflação que se acumulam ao longo do tempo, a avaliação do Copom sobre o espaço para flexibilização monetária adicional também leva em conta aspectos resultantes do longo período de inflação elevada, que subsistem no arcabouço institucional do sistema financeiro."

IPCA MAIS COMPORTADO

Em seu cenário de referência, que leva em conta dólar a 2,40 reais e juro básico no nível anterior de 12,75 por cento ao ano, a projeção para o IPCA em 2009 recuou pra abaixo da meta central de 4,5 por cento.

Considerando as projeções do mercado, a estimativa de inflação também recuou e está abaixo da meta.

Para 2010, a projeção de inflação, segundo o cenário de referência, recuou ligeiramente em relação à última reunião do Copom e encontra-se "sensivelmente abaixo do valor central de 4,50 por cento.

No cenário de mercado, a estimativa para o ano que vem também diminuiu e está abaixo da meta central.

Fonte:
Uol Economia