BC mantém rota e eleva o juro em mais 0,25 ponto
09/01/2009
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, ontem, elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, com viés neutro. Com a alta, a nona consecutiva, a Selic sobe para 19,75% ao ano – o nível mais elevado desde os 20% de outubro de 2003. A decisão, tomada por unanimidade, só foi anunciada às 19h50, na reunião mais longa desde novembro.
A medida foi criticada por lideranças empresariais e surpreendeu até mesmo parte do setor financeiro, que contava com a manutenção dos juros, em função da queda de alguns índices de inflação. Mas, diante de sinais contraditórios da economia, o Copom decidiu-se pela alta.
Para o diretor da Modal Asset, Alexandre Póvoa, os aumentos de 0,25 ponto percentual determinados pelo Copom em suas duas últimas reuniões são meramente simbólicos. Visam indicar que o BC não abandonou a meta ajustada de inflação para este ano, de 5,1%. Mas o resultado dessas elevações homeopáticas de juros sobre a inflação são marginais, muito menores do que os riscos a que o BC expõe a economia. Além de encarecer a dívida pública – pelos cálculos de Póvoa, cada alta de 0,25 ponto tem impacto de R$ 2,5 bilhões anuais -, a insistência no aperto monetário poderá provocar um desaquecimento mais acentuado da atividade econômica do que o esperado pelo próprio BC.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) divulgou nota afirmando que “o aperto monetário” deveria ser complementado por “medidas de melhoria do ambiente dos negócios e de redução de gastos correntes do governo”. Para Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a elevação dos juros mostra a insistência do Copom em usar um único instrumento para o controle da inflação – “até mesmo o presidente da República reconheceu ser este um dos principais problemas de sua administração”, disse Skaf, em nota.
Valor Economico