BC ignora nova queda do dólar e eleva o juro

09/01/2009

Em sua última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, de 17,25% para 17,75% ao ano. No comunicado pós-reunião, indicou que haverá novas altas dos juros, esfriando expectativas de parte do mercado de que o aperto monetário poderia se encerrar em 2004. De setembro a dezembro, a Selic subiu 1,75 ponto, de 16% para 17,75%. Com a decisão de ontem, o BC deixa claro que não pretende impedir a queda do dólar por meio de uma política monetária mais suave. A maior parte do declínio da moeda decorre de operações “vendidas” fechadas no mercado futuro internacional, mas cuja remuneração é o juro interno. Ao elevar a Selic, o BC estimula essas operações e sanciona a queda do dólar. A moeda americana fechou em baixa de 1,45%, cotada a R$ 2,725.

A decisão do Copom foi unânime e não foi adotado nenhum tipo de viés à taxa, o que significa que ela permanecerá em 17,75% até a próxima reunião, marcada para 18 e 19 de janeiro. O aperto nos juros ficou dentro do esperado pelo pelotão mais conservador do mercado. Mas havia uma boa parcela dos analistas que apostava em um aperto menor. O BC ignorou dados novos que indicam desaceleração do crescimento industrial e queda de preços das commodities e do petróleo, fatores que poderiam justificar até a manutenção da taxa. A nova alta poderá aumentar os gastos com juros da dívida pública em R$ 2,5 bilhões em um ano.

Para o diretor-superintendente do Banco Fibra, João Rabêllo, o BC agiu para não contrariar uma expectativa de alta já consolidada no mercado e elevou o juro sem ter justificativas muito convincentes. O consultor Miguel Daoud, da Global Advisor, diz que o BC “está agindo em cima de preocupações que já não estão mais presentes”.

Valor Online
16/12/2004