BC é fator-chave para levar dólar a R$ 2,40 no fim do ano

09/01/2009

SÃO PAULO (Reuters) – Diante da queda de 5,39% do dólar em setembro e o contínuo ingresso de recursos no mercado, economistas reduziram suas projeções e apostam que a divisa norte-americana encerrará o ano em torno de R$ 2,40.

Para eles, o principal fator que levará o dólar a subir do atual patamar para o previsto é o retorno das atuações do Banco Central, interrompidas desde março. Na última quinta-feira, o dólar encerrou na menor cotação registrada desde o início de maio de 2001, a R$ 2,213.

“Não tem agora o que faça reverter de forma acentuada a trajetória de valorização do real, a única chance que a gente enxerga de curto prazo é o BC voltar a atuar no mercado de divisas, como falou ontem o Bevilaqua”, afirmou Alex Agostini, economista da Global Invest.

Na quinta-feira, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, reiterou que o programa de recomposição de reservas do governo segue em vigor.

“No curto prazo, se o BC não entrar, o dólar pode romper os R$ 2,20 e ir para os R$ 2,10”, completou Agostini, que trabalha com a previsão de que a moeda norte-americana encerrará o ano cotada a R$ 2,40.

“Vai continuar a migração de recursos para o Brasil visto a taxa de juros real do país, e as exportações continuam muito fortes… vão entrar recursos tanto pelo lado financeiro quanto pelo lado comercial.”

A diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, revisou recentemente sua projeção de dólar no fim de 2005, principalmente depois da queda de setembro –o maior declínio mensal desde abril de 2003. Até o mês passado ela projetava o dólar a R$ 2,52 em dezembro e agora vê a R$ 2,38.

“Eu me rendi às evidências, porque em agosto eu ainda tinha a firme convicção de que o risco político existia, havia probabilidade de haver uma contaminação da economia no médio prazo e agora isso está descartado”, relatou.

Retorno do BC em breve
A maioria dos economistas consultados pela Reuters acredita que o Banco Central voltará ao mercado em breve, mas, ainda assim, o real não perderá muito terreno para o dólar.

De acordo com o economista do banco WestLB do Brasil, Adauto Lima, o retorno do BC “pode ser hoje, segunda-feira, porque ele já sinalizou… mas também não vejo como grande fator de reversão de tendência”. A projeção do banco para o dólar no final de 2005 é a mais otimista, de R$ 2,20.

“Continua com balança comercial muito forte, isso está gerando uma conta corrente elevada, e globalmente você vê uma busca por rentabilidade, o que favorece fluxos para o Brasil”, apontou Lima.

Um fator que contribuiu para a forte valorização do real em setembro, de acordo com os economistas, foi a primeira captação externa do governo em reais, realizada no começo do mês. Captações externas do setor privado também reforçaram o fluxo de ingressos para o país.

Para Mário Mesquita, economista-chefe do banco ABN Amro, a emissão brasileira foi um dos motivos que manteve o BC de fora do câmbio. “Você não pode emitir na sua moeda e depois tomar uma medida para enfraquecer essa moeda”, afirmou.

Riscos
O economista-chefe do banco Fator, Vladimir Caramaschi –que também projeta o dólar a R$ 2,40 no fim do ano — destaca, no entanto, que o câmbio muito valorizado traz riscos principalmente para as exportações.

“Se a tendência de valorização persistir, em algum momento em breve o Banco Central vai avaliar que as prioridades mudaram e que agora em relação ao câmbio é mais importante evitar uma perda de dinamismo muito grande das exportações do que usar a valorização do real para reduzir a taxa de inflação, dado que a inflação está absolutamente sob controle”, explicou ele.

Para o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, a redução das exportações até o fim do ano será outro fator que levará o dólar a subir nos próximos meses até R$ 2,33 no fim do ano, de acordo com a sua projeção.

O último relatório Focus do Banco Central aponta para o dólar a R$ 2,40 no fim do ano. Se confirmada, a projeção representa um declínio acumulado de 9,57% da moeda norte-americana em 2005.

Fonte:
Uol Economia
Reuters