BC corta a Selic em 0,25 ponto e juro real sobe

09/01/2009

São Paulo, 18 de Março de 2004 – A decisão do Copom tem um sentido mais simbólico. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, retomou ontem o ciclo de cortes da Selic interrompido em janeiro.

Com a redução de 0,25 ponto percentual, os juros básicos da economia baixam a 16,25% ao ano. O corte, porém, é simbólico: o juro real voltou ao patamar de dois dígitos: baseada no IPCA projetado para os próximos 12 meses, a taxa real subiu de 9,88% para 10,32%.

A decisão não foi unânime – 6 votos a 3 – e demorou a sair (só foi anunciada às 19h30), o que demonstra a complexidade do tema e o acirramento dos debates. O próprio presidente Lula havia ressalvado, de manhã, em encontro no Nordeste, que cortes de juros têm de ser feitos “com responsabilidade” e não podem ser baixados “fora de hora”.

O diretor-superintendente do Banco Fibra, João Rabello, considerou o resultado bem-vindo. Para ele, a decisão traz ânimo ao comércio e a indústria. “O corte é um sinal de que o governo está confiante de que a inflação está sob controle”, disse, sustentando ainda a expectativa de crescimento de 3% neste ano.

Entre o empresariado, o corte recebeu apoio crítico. Horácio Lafer Piva, presidente da Fiesp, disse em nota oficial que “o corte vai no sentido correto, porém sem a intensidade que permita no curto prazo alterar o estado de apatia do mercado interno”.

Por sua vez, o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, também considerou “positivo” o corte, mas afirmou que “poderia ter sido maior, porque não há pressões de demanda”.

O economista Júlio Sérgio Gomes Almeida, diretor-executivo do Iedi, advertiu que o corte é pequeno. “A economia já está contaminada e vai crescer muito pouco neste semestre.”

Crítico do BC, o deputado Delfim Netto (PP-SP) disse que o Copom “fez a redução, atrasada, mas fez, é já um começo. Dos males, o menor”. Agora, segundo o deputado, o governo tem de tomar medidas para garantir o desenvolvimento. Por exemplo: incrementar “a política industrial e incentivar os bancos para que façam mais empréstimos ao setor exportador”.

Página B-1(Gazeta Mercantil/Página A1)(Alessandra Bellotto e Otto Filgueiras)