Banco Central vai cortar a Selic, mas com cautela
27/04/2012
O Banco Central sinalizou que deve manter a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic), hoje em 9% ao ano, ao divulgar ontem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). No texto, o BC afirma que, mesmo considerando uma recuperação da atividade econômica em um ritmo menor do que o esperado, “qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia”.
Na ata da reunião anterior, o BC havia indicado o contrário, atribuindo a probabilidade de que a Selic ficasse em “patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos”, de 8,75% ao ano. Na semana passada, o Copom decidiu reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, para 9% ao ano. Foi o sexto corte consecutivo desde agosto de 2011, quando começou o processo de afrouxamento monetário.
Com a mudança do texto, as projeções do mercado não chegaram a um consenso quanto ao percentual de corte. As apostas para a próxima reunião, no fim de maio, estão divididas entre 0,25 e 0,5 ponto. “A ata sinaliza um corte máximo de 0,25 ponto percentual na Selic e manutenção da taxa por um período prolongado”, comentou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
O economista sênior para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), Robert Wood, estima um corte maior, de até 0,5 ponto. “Acredito que o BC deverá reduzir a Selic para menos de 9% e, como a ata sinaliza que haverá ‘parcimônia’, isso indica que o corte deverá ficar entre 0,25 e 0,5 ponto. Mas como há uma expectativa de que a recuperação do PIB (Produto Interno Bruto) será mais lenta do que o esperado, acredito que um corte de 0,5 será mais factível”, explicou.
A projeção de uma Selic de 8,5% em maio, devendo permanecer nesse patamar até o primeiro trimestre de 2013, é a aposta do economista-chefe do Banco Espírito Santo (BES), Jankiel Santos. Duas maiores instituições bancárias do país, o Bradesco e o Itaú também apostam no corte de meio ponto percentual dos juros.
“Acreditamos que o BC deva avançar no ciclo de afrouxamento monetário, com a taxa Selic sendo levada a 8,5% na próxima reunião do comitê, permanecendo neste patamar ao longo de 2012”, disse o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros. “Acredito, hoje, na continuidade da orientação: conforto sobre a inflação, preocupação sobre os riscos globais e as dúvidas sobre a recuperação interna”, afirmou o economista do Itaú, Adriano Lopes.
Fonte:
Correio Braziliense