Aperto monetário prossegue; juro básico vai a 18,75%

09/01/2009

São Paulo e Brasília, 17 de Fevereiro de 2005 – Parcela da dívida mobiliária atrelada à Selic já é de 56%. O Banco Central (BC) manteve o ritmo do aperto monetário e elevou novamente a Selic em 0,5 ponto percentual. A taxa básica da economia, agora em 18,75% ao ano, leva o juro real para 12,3%.

No breve comunicado divulgado após a decisão, unânime e sem viés, o Copom repetiu que está “dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa de juros” iniciado em setembro do ano passado.

A decisão veio em linha com a expectativa do mercado financeiro. “Com exceção ao câmbio, em um patamar mais baixo, inflação e atividade econômica ainda estão elevadas”, afirma o gerente de Política Monetária do Itaú, Joel Bogdanski. O momento econômico, com crédito e renda em expansão, também é citado por Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management, em defesa da alta. Enquanto aguarda a divulgação na semana que vem da ata da reunião, parte do mercado acredita que o ciclo de alta nos juros ainda não acabou.

Aumentos na Selic repercutem no custo e no estoque da dívida mobiliária federal (que cresceu 2% em janeiro) – mais da metade atrelada à taxa básica. Por ação do Tesouro, o perfil dessa dívida melhorou no que diz respeito à exposição cambial – caiu de 21% em janeiro de 2004 para 8% no mês passado. Mas pode estar se agravando quando se trata de títulos indexados à taxa básica interna. Neste caso, a exposição aumentou de 51% para 56% no mesmo período. Segundo cálculos do Centro de Informações da Gazeta Mercantil, considerando-se a parcela indexada à Selic, o aumento de 0,5 ponto decretado ontem representa um acréscimo de R$ 2,34 bilhões (no período de um ano) ao estoque da dívida.

Enquanto o mercado financeiro aplaude o novo aperto da Selic, o setor produtivo critica a decisão. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou que “falta sensibilidade às autoridades monetárias” e que o aumento da Selic traz um custo adicional à produção, já onerada pela MP 232. “Juros altos e tributos crescentes desestimulam o empresariado e podem comprometer o crescimento da economia e a criação de empregos.”

Gazeta Mercantil
Jiane Carvalho e Gabriela Valente/InvestNews
17/2/2005