Analistas recebem com cautela eventual compra da TIM por Telemar
09/01/2009
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A possível entrada da Telemar na disputa com as gigantes América Móvil e Telefónica pela TIM Brasil foi recebida com cautela por analistas, que alertam que o negócio acarretaria uma alta significativa no endividamento da operadora brasileira.
Depois de ver frustrado o plano de reestruturar a companhia, reunindo as empresas do grupo Telemar embaixo de apenas uma, a Oi Participações, o presidente da empresa, Luiz Eduardo Falco, admitiu que poderá avaliar uma eventual oferta pela TIM Brasil, hoje cobiçada por mexicanos e espanhóis.
“Eu acho complicado, porque todo o plano de crescimento da Telemar passava pela reestruturação societária, isso seria usado para alavancar os investimentos da empresa, e como foi rejeitado não muda nada a situação da companhia”, afirmou à Reuters Felipe Cunha, analista do Banco Brascan.
Ele informou que a TIM está avaliada em torno de 21 bilhões de reais, quase o valor de mercado da Telemar, e o caixa da operadora brasileira está em torno dos 3 bilhões de reais.
“Lógico que existem instrumentos para fazer isso, inclusive uma possível união com a Brasil Telecom, como já se especulou. De forma isolada, acho chance remotíssima. Com a Brasil Telecom, faz mais sentido”, disse o analista, que não descarta uma nova proposta de reestruturação societária, apesar das negativas de Falco em entrevista após a assembléia.
Na visão do analista do Unibanco André Rocha, a empresa tem chance de se alavancar, mas a compra da TIM por empresas mais robustas, como América Móvil e Telefónica, “seria mais óbvia”.
“O problema da Telemar é a indústria que ela atua, que não tem crescimento”, afirmou.
Para Luciana Leocadio, da Ativa Corretorra, junto com a Brasil Telecom a Telemar teria chances, “mas a empresa vai ter que avaliar muito, porque 10 bilhões de dólares (possível valor da TIM) é muito dinheiro para a Telemar… ia ter que reter o caixa, deixar de pagar dividendos”.
As ações da Telemar, tanto preferenciais como ordinárias caíram nesta sexta-feira após a decisão dos preferencialistas. Os papéis da Brasil Telecom também sofreram, já que a mudança societária poderia facilitar uma eventual fusão entre as duas companhias.
“Os papéis da companhia (Brasil Telecom) deverão sofrer, uma vez que é bastante provável que uma operação ao estilo de Telemar fosse realizada como forma de resolver o conflito societário”, explicou em relatório o analista da corretora Bradesco Luiz Fernando Ferreira Azevedo.
O analista também aposta em nova oferta aos preferencialistas, mas indicou as ações ordinárias como melhor forma de investimento, “porque há outras formas de o acionista controlador maximizar seus interesses em cima dos acionistas minoritários da classe PN”.
Fonte:
Reuters