Analistas: Ibovespa pode bater 85 mil pontos ao final do ano

09/01/2009

Fabiano Klostermann
Direto de São Paulo

A obtenção do grau de investimento e os bons resultados das empresas brasileiras no ano podem levar o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) até aos 85 mil pontos no final do ano. Segundo analistas de mercado, o bom resultado desde o início do ano, com Ibovespa apresentando alta acumulada de 14%, ainda pode levar a revisões mais otimistas da estimativa.

Para o economista-chefe da corretora Ágora, Álvaro Bandeira, a estimativa de sua empresa, que era mantida desde o início do ano, terá que ser revisada. “Nós projetávamos 82 mil pontos desde o início no ano. Quando bateu em 53 (mil pontos), ficamos meio preocupados, mas não mudamos porque sabíamos que o mercado era forte. Agora (com o grau de investimento), nossos números terão que ser revisados no segundo semestre”, afirmou.

De acordo com Bandeira, as estimativas são elaboradas levando em conta uma série de fatores. “Nós temos uma projeção baseada em estimativas dos resultados das empresas, risco País, taxa de juros, inflação, fluxo de recursos e comparação com o mercado internacional”

Trabalhando com uma projeção mais modesta, o sócio da Paraty Investimentos Luiz Henrique Carneiro afirmou que a corretora pesquisou o mercado e estimou que 80% dos benefícios com o grau de investimento já estavam precificados nas ações do Ibovespa antes de seu anúncio.

“O que deixou uma margem de 20% para subir. Até agora (a nossa previsão) está se confirmado, com o índice subindo 14% (desde o grau). Se o cenário ajudar e não tivermos nenhum tipo de surpresa, (o índice vai fechar o ano) para cima de 78 mil (pontos)”, explicou Carneiro.

O bom desempenho do mercado acionário brasileiro já fez, inclusive, com que projeções, elaboradas depois do grau de investimento, tivessem que ser refeitas. É o caso da corretora Souza Barros, que trabalhava com um horizonte de 70 mil pontos antes do aumento da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. “Depois do investment grade, 79 mil. Mas, o resultado das empresas veio acima do esperado. Como veio acima, teremos que fazer uma revisão”, afirmou Clodoir Vieira, sócio da Souza Barros.

Segundo ele, com um cenário mais propício a previsão para o Ibovespa para o final do ano deve superar a anterior. Como resultados positivos de empresas que superaram a expectativa do mercado, ele cita Banco do Brasil, Petrobras, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Tractebel.

“Já tem gente trabalhando com 85 mil a 90 mil pontos “, explicou. Menos otimista, a corretora Fator informou que sua previsão, de 75 mil pontos ao final do ano para o Ibovespa, foi mantida mesmo após a concessão do grau de investimento pela S&P.

Fausto Gouveia, analista da Win Home Broker, acredita que a economia brasileira está “blindada” contra a crise internacional.

“O pior da crise já ficou para trás. Os balanços (das empresas) já estão vindo mais limpos. Eu projeto uma melhora para o segundo semestre e o grau de investimento que vai com certeza trazer mais investidores”, explicou o analista da Win.

Segundo Gouveia, os resultados das empresas brasileiras também contribuem para a projeção de que o Ibovespa termine o ano em 85 mil pontos. “Os resultados corporativos estão bons, a indústria num crescente. A única coisa que pode atrapalhar é essa inflação persistente. Mas, pelo menos, essa não é uma inflação que é só nossa, ela é do mundo”, disse.

Fonte:
Invertia