América Latina e Caribe têm que melhorar infra-estrutura

09/01/2009

Por Rosendo Majano Washington, 31 ago (EFE).

– O Banco Mundial (BM) afirmou hoje que os países da América Latina e Caribe têm que investir mais em infra-estrutura, para reduzir a pobreza e melhorar a capacidade de competir com a China e outras economias dinâmicas da Ásia.

Segundo um novo relatório do BM divulgado hoje, investir uma maior parte do orçamento em obras de infra-estrutura também aumentará o crescimento e diminuirá o alto nível de desemprego na região.

“A região gasta menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em infra-estrutura, em comparação aos 3,7% investidos entre 1980 e 1985”, disse Marianne Fay, economista-chefe do Banco para América Latina e Caribe e uma das autoras do documento.

Fay afirmou que o investimento em infra-estrutura “deveria ser de 4% a 6% ao ano, para alcançar o nível atingido por países como Coréia do Sul e China”.

Esta especialista e May Morrison, co-autora do relatório, dizem que a região terá que dedicar mais dinheiro à infra-estrutura nos próximos 20 anos, “para poder alcançar o nível da Coréia do Sul”.

De acordo com o relatório, isso poderia gerar um aumento na renda per capita anual de 1,4% a 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), além de uma redução da desigualdade de 10% a 20%.

Fay afirma que “o desenvolvimento da infra-estrutura é fundamental”, e destaca a importância de manter a transparência nas operações de contratação, pois “a corrupção aumenta os custos das obras”.

A economista-chefe acrescentou que o progresso na infra-estrutura da região “foi em geral mais lento que em outros países de renda média, como a China”, após afirmar que a região ficou defasada em áreas estratégicas como energia elétrica, redes viárias e telefonia fixa.

“A região só apresenta bom desempenho em áreas como telefonia celular e acesso à água potável e saneamento”, afirmou Fay.

O BM reconhece que as obras de serviço público na área melhoraram nos últimos dez anos, mas “uma forte queda nos investimentos do setor” criaram obstáculos para o cumprimento das metas principais.

Para o BM, o déficit em infra-estrutura diminui a produtividade e a competitividade das empresas latino-americanas e freia o crescimento econômico. Por isso, a entidade sugere que a região aumente seu investimento em infra-estrutura, tanto pública como privada.

Apesar das “expectativas”, diz o BM, o investimento do setor privado nunca compensou os cortes do Governo em obras de infra-estrutura nos anos 90.

Segundo a entidade, os investimentos privados em infra-estrutura caíram de US$ 71 bilhões, em 1998, para US$ 16 bilhões, em 2003.

O BM ressalta que alguns países e setores foram especialmente prejudicados pelo corte nos gastos. Os investimentos da iniciativa privada no período 1990-2003 se concentraram especialmente nos setores de energia e telecomunicações, e beneficiaram apenas Brasil, México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia.

O estudo afirma ser necessário um marco institucional regulador e legal mais sólido para atrair novamente os investimentos do setor privado, além de contratos mais transparentes e estruturas financeiras inovadoras, para diminuir os riscos dos projetos e melhorar o rendimento dos investimentos.

O relatório alerta que estas medidas podem contribuir para melhorar a aceitação da população quanto aos processos de privatização, muito criticados na região, ao ajudar na melhoria da qualidade de vida, estabilização dos preços e diminuição da desigualdade social.

Fonte:
Uol Economia
Agencia Efe
31/8/2005