América Latina crescerá entre 4% e 4,5%, apesar da desaceleração dos EUA

09/01/2009

Miami, 6 abr (EFE).- A América Latina gozará de um sólido crescimento econômico de 4% a 4,5% em 2008, embora inferior ao do ano passado por causa de desaceleração dos Estados Unidos e uma possível queda nos preços das matérias-primas, disse hoje o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O BID assinalou em seu relatório anual de 2007 que devido às
turbulências financeiras a região enfrentará uma série de desafios
este ano, incluindo um aumento das pressões inflacionárias além da
possível deterioração no balanço de pagamentos.

“Apesar da instabilidade recente dos mercados financeiros
internacionais e da desaceleração prevista da economia americana, as
perspectivas para a América Latina e o Caribe são melhores do que
foram em décadas”, assegurou Luis Alberto Moreno, presidente do BID.

No que concerne a 2007, o resultado se sobressaiu. A região
cresceu 5,6%, segundo os últimos cálculos da Comissão Econômica Para
a América Latina e o Caribe (Cepal) mencionados no relatório
apresentado na 49ª Assembléia Anual de Governadores do BID que
termina na terça-feira em Miami.

As taxas de crescimento de quase todos os países excederam 3% e
entre os países maiores, Argentina, Venezuela, Peru e Colômbia
apresentaram as taxas mais elevadas, superiores ou iguais a 7%.

Entre as economias menores, Panamá, República Dominicana, Uruguai
e Costa Rica registraram as taxas mais altas.

No entanto, este ano a região também poderia sofrer uma
deterioração na inflação, nos superávit de conta corrente e no nível
de endividamento, advertiu o organismo multilateral.

A inflação da região chegou a uma média de 6,1%, enquanto
Venezuela, Nicarágua e Bolívia mostraram os níveis mais altos com
20,7%, 12,8% e 11,9%, respectivamente.

Em matéria fiscal, diz o BID, se prevê em 2008 uma situação “mais
difícil que em anos recentes e é possível que em vários países
comecem a se elevar novamente os coeficientes de endividamento
público”.

“Embora estas tendências impliquem um certo retrocesso da gestão
macroeconômica, de acordo com a maioria dos analistas os riscos
continuam sendo moderados para a região em conjunto e para quase
todos os países, como refletem as margens dos títulos da dívida”,
explicou.

A margem média dos títulos passou de 224 pontos básicos em julho
de 2007 a um máximo de 309 em agosto e caiu ligeiramente até
terminar o ano em 299 pontos básicos.

Mas, esta situação poderia mudar se se combinarem vários fatores
adversos e considerando que “não se pode descartar uma recessão nos
EUA”, alertou o organismo multilateral.

O Fundo Monetário Internacional calculou que seu efeito seria uma
redução de dois pontos percentuais na taxa de crescimento da região,
pois afetaria o volume do comércio internacional e os preços dos
produtos de exportação.

Os riscos mais imprevisíveis, no entanto, são os associados aos
mercados financeiros internacionais, diz o BID.

Assinalou que ainda não se conhece o desenlace completo da crise
hipotecária e financeira dos EUA, nem os efeitos que poderia ter nos
mercados de dívida e nos fluxos de capitais dos países
latino-americanos.

No entanto, a situação macroeconômica “relativamente sólida da
maioria das economias emergentes da América Latina e de outras
regiões diminuiu até agora os riscos de instabilidade financeira
mundial”.

A acumulação de reservas internacionais no valor de US$ 400
bilhões e o saldo positivo na conta corrente são os escudos de
proteção.

A América Latina e o Caribe em conjunto tiveram um superávit de
conta corrente equivalente a 0,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB)
agregado em 2007.

Bolívia, Venezuela, Chile, Paraguai e Equador apresentaram os
superávit mais altos pela bonança ocasionada por suas exportações de
petróleo e minerais.

Ainda que estes indicadores externos estejam favoráveis, o
organismo multilateral sugeriu que eles devem ser tomadas com certa
cautela devido aos preços elevados das matérias-primas, que poderiam
oscilar.

Para o BID, além das vicissitudes do panorama financeiro
internacional, o desafio primordial a médio prazo para as economias
latino-americanas consiste em manter taxas elevadas de crescimento
econômico.

E a estratégia para pavimentar esse caminho consiste em evitar um
aumento do gasto público, controle da inflação e melhorar a
competitividade.

“Em 2008, a solidez das políticas macroeconômicas, a efetividade
das políticas sociais e a capacidade de resposta dos sistemas
políticos serão colocados a toda prova”, afirma o BID.

Fonte:
Uol Economia