Altos estoques freiam produção de carros, e indústria recua, diz IBGE

08/01/2014

Com os estoques altos, a indústria de automóveis, caminhões e autopeças registrou no penúltimo mês de 2013 a segunda queda seguida no seu ritmo de produção. Considerando apenas os meses de outubro e novembro, o setor acumulou perdas de 6,6%.

O resultado do setor em novembro impactou de forma negativa a atividade fabril do país, que, após três meses de taxas positivas de crescimento, recuou 0,2% em novembro na comparação com outubro, segundo informou nesta quarta-feira (8) André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda na produção de caminhões puxou para baixo o desempenho dos bens de capital, categoria de uso que pode mostrar o ritmo dos investimentos no país. O recuo foi de 2,6% na comparação com outubro, depois de três meses de taxas positivas, ressaltou Macedo. Para ele, a queda na produção de veículos automotores é uma “arrumação no caminho, natural após o crescimento intenso em meses anteriores”.

Citando informações do setor, os estoques altos, no patamar de 40 dias, verificados em outubro, caíram em novembro, e segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ficaram em 30 dias em dezembro, ainda sem atingir o ideal de 28 dias.

“O nível de estoques em outubro, novembro e dezembro ficou acima do que é o recomendável. Em relação aos caminhões, é o segundo resultado negativo, e é uma informação pontual. A produção caminhou em velocidade acentuada e há claramente uma arrumação. Pode não configurar tendência de queda nos setores envolvidos. É preciso esperar dezembro”, disse ele.

Os pátios cheios das montadoras, ainda de acordo com Macedo, podem ter como causa também o endividamento famílias, com a inflação mais alta em alimentos e bebidas, e o encarecimento do crédito, que afeta diretamente o mercado de carros e motocicletas.

Já o segmento de bens intermediários apresentou a maior alta entre as categorias de uso, 1,2% em relação a outubro, o maior percentual desde agosto de 2012, quando marcou 2,1%. A alta foi puxada principalmente pelo setor de refino de petróleo e álcool, que cresceu 4% na mesma base de comparação.

"É uma estratégia do setor para diminuir as importações. Pelas estatísticas dos últimos meses observa-se que o setor refino opera em patamares bem altos em seu nível de utilização, numa situação associada à diminuição das importações gás e óleo”, explicou ele.

O bom resultado dos bens intermediários impediu uma queda maior da atividade fabril: a categoria de uso tem peso de 55% na formação do índice da produção industrial, enquanto os bens de capital pesam 10%; os bens de consumo duráveis, 10%; e os semi e não duráveis, 25%.

Mas, segundo Macedo, o saldo recente da indústria geral é positivo.

“Fica refletido na média móvel trimestral. O crescimento da indústria no trimestre encerrado em novembro foi de 0,3%. Nos últimos quatro meses esse ritmo ficou mais acelerado. É um indicador de tendência. Há, de fato, uma melhora recente na produção industrial, mas é preciso discutir se essa velocidade é a ideal para o crescimento”, disse.

 

Fonte:

Lilian Quaino Do G1, no Rio