Agência de classificação de risco rebaixa todas as notas da Petrobras

30/01/2015

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou todos os ratings da Petrobras na noite desta quinta-feira (29), citando preocupações com investigações sobre corrupção na estatal e possível pressão sobre a liquidez da companhia em função de atraso na divulgação de resultados financeiros auditados.

Segundo a Moody's, os ratings permanecem em revisão para rebaixamento adicional.

Na tarde desta quinta-feira, a Petrobras admitiu a possibilidade de não pagar dividendos a acionistas, dependendo da avaliação da situação financeira da companhia. Dividendos correspondem a parcela dos lucros da companhia que são distribuídos entre os acionistas.

"Há a possibilidade, ainda não colocada no momento, mas que poderá ser considerada. Se julgada por qualquer companhia que há uma situação de estresse financeiro, há possibilidade não haver dividendos. É uma alternativa que poderá ser considerada, a depender da avaliação financeira da companhia", disse o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, em teleconferência com analistas e investidores.

No mesmo dia, outra agência de risco, a Fitch, disse que a divulgação do balanço não auditado da Petrobras na véspera não teria impacto imediato na nota de crédito da empresa.

No entanto, na ocasião, a agência ressaltou que os adiamentos e a ausência de auditoria prolongavam a incerteza sobre a capacidade da petroleira para cumprir as normas de divulgação de dados.

Balanço atrasado
Com dois meses de atraso, a Petrobras divulgou na madrugada desta quarta-feira o balanço do terceiro trimestre de 2014, mas sem as baixas por corrupção.

Os números mostraram que a estatal teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões, uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior.

Por duas vezes a companhia adiou a divulgação informando que os dados precisavam ser ajustados para as perdas decorrentes das denúncias de corrupção. O documento divulgado, no entanto, veio sem essas informações, o que frustrou o mercado.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que as contas auditadas da companhia serão divulgadas no menor prazo possível, mas não deu previsão de quando será isso. Ela disse ainda que as perdas com corrupção podem ser ainda maiores do que os calculos preliminares, dependendo do andamento das investigações.

"Novas informações oriundas das investigações em curso podem resultar em novos ajustes", destacou Graça. "O caixa da Petrobras não é afetado por ajustes decorrentes da corrupção, nem a geração operacional tem qualquer tipo de influência dos ajustes decorrentes da corrupção", disse a executiva.

Cálculo apresentado durante a reunião do Conselho de Administração da Petrobras realizada na terça-feira (27) indicava a necessidade de uma baixa contábil de R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia referentes às perdas com corrupção ligadas à operação Lava Jato. A metodologia usada, no entanto, não foi considerada adequada, e o número ficou de fora do balanço.

"Decidimos não usar a metodologia do valor justo para ajustar os ativos imobilizados devido à corrupção, pois o ajuste seria composto de elementos que não teriam relação direta com pagamentos indevidos", explicou Graça Foster.

'Pode durar 1, 2 ou 3 anos'
Segundo ela, no entanto, a baixa contábil dos valores atribuídos a corrupção poderá levar alguns anos para ser totalmente ajustada e incorporada nos balanços da companhia.

"Existe a investigação da Operação Lava Jato do MP do Paraná, que não tenho menor ideia de quanto tempo levará. Dentro da Petrobras, tenho uma investigação interna em que a prioridade é a alta administração da companhia, diretoria, gerentes executivos. Os advogados que nos atendem dizem uma investigação dessas numa empresa do porte da Petrobras, em geral, pode durar um, dois ou três anos. Se houver impactos no resultado, serão baixados do resultado; se tiver impacto nos quadros, essas pessoas também serão afetadas", disse a presidente da Petrobras.

Fluxo de caixa
A Petrobras estimou que encerrará 2015 com caixa de entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões, o que permitirá à companhia evitar captações de novos recursos ao longo do ano.

O investimento previsto no plano de negócios da Petrobras foi revisto para US$ 42 bilhões por ano, redução de 25% .

A companhia prevê ainda levantar US$ 3 bilhões com desinvestimentos (venda de ativos) no ano.

Segundo Graça, a essência do plano de negócios é a revisão do crescimento da empresa. "É reduzir investimentos, rever e e evitar contratar novas dívidas para atender a toda a demanda dos investimentos que tínhamos. A área de produção que era prioritária, hoje toma maior dimensão", afirmou.

Fonte:

Portal G1