Abimaq prevê fechamento de 50 mil empregos

20/02/2009

SÃO PAULO, 19 de fevereiro de 2009 – Caso persistam os resultados fracos reportados pelas indústrias brasileiras de máquinas e equipamentos em fevereiro e março, o setor deverá fechar cerca de 50 mil postos de trabalho no primeiro semestre de 2009.
A afirmação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto. "A situação é crítica. Se continuar como está, e os sinais são de continuidade, não há como segurar as demissões", disse. Neto destacou que os profissionais do segmento são especializados. "Prepará-los demanda tempo", ressaltou, completando que demissão é a última atitude dessas indústrias, mas a situação está se tornando insustentável. "No patamar que estamos chegando, férias coletivas ou paradas técnicas já não adiantam", afirmou.

O faturamento nominal da indústria de máquinas e equipamentos recuou 38,6% em janeiro de 2009, ante dezembro de 2008, para R$ 3,82 bilhões. Na comparação com o mesmo período do ano passad, o recuo foi de 34,7%. O consumo aparente (produção + importação – exportação) teve retração de 11,1%, passando de R$ 7 bilhões em janeiro de 2008, para R$ 6,24 bilhões em 2009. Para o presidente da Abimaq, os resultados "são assustadores". "O números estão caindo para níveis jamais imaginados", disse Neto. A média Abimaq de faturamento bruto ficou negativa em 38,8% em janeiro de 2009, ante dezembro de 2008.

Neto destacou o desempenho do setor de máquinas-ferramenta, que despencou 58,9% em janeiro de 2009, ante dezembro de 2008. Segundo ele, o setor é o mais importante do segmento de indústrias e equipamentos. "O declínio é muito acentuado, apontando não apenas uma variação sazonal, mas para uma tendência", avaliou. O segmento de válvulas foi o único com variação positiva, o faturamento bruto do setor cresceu 17,5%, na mesma base de comparação. As exportações também recuaram 34,9% em janeiro, ante dezembro, para US$677 milhões, na comparação com janeiro de 2008 a queda é de 23,6%.

As exportações para os Estados Unidos, que em 2008 ocupava a primeira colocação entre os destinos das máquinas e equipamentos brasileiros, caiu 35% em janeiro. Com a retração, o Estados Unidos passaram a ocupar o segundo lugar no ranking, superado pela Argentina. As importações de bens de capital também apresentaram redução, caindo 2,4%, para US$ 1,72 bilhão, na mesma base de comparação. Neto destacou que para melhorar a situação do setor é necessário que o governo altere políticas econômicas. "Enquanto o governo não desonerar os investimentos, as companhias não voltarão a investir e na indústria de bens de capital só haverá retração", disse. Ele citou ainda a falta de crédito. "O BNDES vêm agindo com rapidez, mas aí dependemos de instituições financeiras para ter acesso ao capital. E essas instituições não estão concedendo crédito como deveriam. Há uma política elitista, que concede crédito para os que menos precisam."

O presidente da Abimaq também teceu críticas, dizendo que o governo demora muito para tomar iniciativas. "Há dois meses pedimos que os pagamentos de impostos pudessem ser feitos por meio do 'cartão BNDES', mas até agora não tivemos resposta", disse, explicando que o cartão traz melhores condições de pagamento e completando que, em situações de crise, muitas empresas deixam de pagar impostos. "Ninguém vai deixar de pagar um fornecedor ou o salário dos funcionários.

O primeiro pensamento é não pagar imposto", entretanto, a ação costuma ter reflexos muito negativos, uma vez que, em dívida com os impostos, a empresa é impedida de ter acesso aos créditos do BNDES.

Fonte:
Carina Urbanin
InvestNews