Abaixo de R$ 1,90 ou de volta a R$ 2,00: o que esperar para o dólar?
09/01/2009
SÃO PAULO – Em trajetória declinante desde o início do ano, o dólar encontrou, no começo do mês de maio, certa resistência em perder o patamar de R$ 2,00. Após romper este suporte, a moeda dos EUA não mostrou hesitação na busca pela casa do R$ 1,90.
Porém, neste valor, a divisa parece ter encontrado nova barreira. Apesar de os fundamentos que levaram o dólar ao R$ 1,90 ainda se mostrarem presentes, este patamar aparece, a princípio, como um novo suporte à taxa de câmbio. Em contrapartida, recentemente a divisa norte-americana tem reagido à volatilidade e ao mau humor internacional com valorizações, o que ameaça levar o dólar de volta aos R$ 2,00.
Neste contexto, o que a análise técnica e a fundamentalista têm a dizer a respeito das perspectivas para a variação do dólar?
Volatilidade pode levar o dólar pra cima de R$ 2,00?
Na opinião do analista técnico Didi Aguiar, da Doji Star Four Gráficos, a possibilidade de o dólar retomar o patamar de R$ 2,00 é pequena. O especialista vê uma forte resistência em R$ 1,97, cotação que já conteria novas altas. Além disso, Aguiar afirma que, embora o dólar possa atingir cotações superiores a R$ 1,97, a manutenção destes patamares seria pouco provável.
O Banco Central continuará comprando dólares no mercado doméstico “enquanto achar que essa política é benéfica”, disse o diretor de Política Econômica da instituição. Segundo ele, a política implantada em 2004, de acumular reservas internacionais, terá prosseguimento, buscando absorver o excesso de fluxo de moeda estrangeira no mercado
Do lado do fundamentalismo, Alcides Leite, professor de Mercado Financeiro da Trevisan Escola de Negócios, também compartilha desta opinião. “Não há nenhuma possibilidade, a meu ver, pelo menos no médio prazo, de voltar a crescer, de passar de R$ 2,00”, disse o especialista.
Ou seja…
Uma vez que, na opinião de ambos os analistas, a divisa norte-americana não deve ultrapassar a casa dos R$ 2,00, surge a dúvida de qual seria a trajetória esperada para a moeda: manutenção do atual patamar ou retomada do movimento de desvalorização, atingindo valores abaixo de R$ 1,90.
Alcides Leite acredita que a desvalorização do dólar está “chegando ao limite”, contudo, pode buscar patamares entre R$ 1,80 e R$ 1,85. O professor da Trevisan acredita que, no curtíssimo prazo, as intervenções do Banco Central via leilões de swap cambial reverso podem surtir efeito, porém, no médio e longo prazos prevalecem questões estruturais.
Em linha com esta opinião, Didi Aguiar, descrente de que as intervenções do Banco Central possam segurar a trajetória natural do mercado cambial, acredita que o dólar deva alcançar R$ 1,85. “O governo tenta segurar em certos patamares, mas o mercado se ajusta”, diz Aguiar.
Abaixo de R$ 1,80, dólar vira questão política
Uma vez o dólar próximo deste patamar citado como “piso”, a busca por novas desvalorizações, na opinião de Didi Aguiar, ocorreriam de maneira gradual e em um grande intervalo de tempo. “A velocidade de queda abaixo de R$ 1,85 será em uma velocidade de câmera lenta. Tão devagar que vai parecer parado”, diz o analista técnico.
Do âmbito fundamentalista, Alcides Leite acredita que, abaixo de R$ 1,80, o dólar deixaria de ser uma questão monetária e cambial e passaria a ser uma questão política. Abaixo deste patamar, que o professor da Trevisan classifica como insustentável, a taxa de câmbio seria depreciativa para a indústria brasileira e para a atividade exportadora.
Fonte:
Info Money