A força do PIB brasileiro vem do estrangeiro
09/01/2009
São Paulo, 30 de Julho de 2004 – “Dependemos mais de Greenspan que de Palocci”. O crescimento da economia mundial tem compensado o efeito contracionista das políticas fiscal e monetária adotadas pelo governo brasileiro. “O mundo está crescendo.
A expansão do País não é resultado da política governamental”, afirmou o economista Clóvis Panzarini, ex-coordenador da administração tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. O aumento continuado das exportações e o bom desempenho do segmento de agronegócio, associados à elevação dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional, são a base do crescimento nacional. “Nossa economia depende mais de Greenspan que de Palocci”, disse Clóvis Panzarini.
De acordo com o professor de economia da PUC-SP e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Antônio Corrêa de Lacerda, as políticas fiscal e monetária do governo podem ser consideradas contracionistas por promoverem um baixo nível de investimento público, apesar da elevação dos impostos ter resultado aumento da arrecadação, para manter superávit primário. Outro fator é o nível das taxas de juros praticadas no Brasil, que nos últimos anos foram superiores a 10%, em termos reais, enquanto o resto do mundo apresentava taxas de juros reais próximas a zero ou até negativas. A isso se acrescentam os altos níveis de depósitos compulsórios, cunha fiscal e spreads bancários.
Apesar do efeito contracionista da política econômica, as projeções de crescimento superiores a 3,5% em 2004 são cada vez mais comuns entre os economistas. Para Lacerda, o chamado efeito renda do setor exportador pode carrear recursos para o mercado interno, que deve ser beneficiado pela criação de empregos nos setores exportadores, ampliando o consumo e, conseqüentemente, estimulando a produção e os investimentos. “O risco é de ‘timing’”, disse Lacerda.
Gazeta Mercantil
Cristina Borges Guimarães
30/7/2004