A força do etanol

09/01/2009

São Paulo, 6 de março de 2006 – O conceito brasileiro de produção integrada de álcool, que na mesma usina fabrica álcool e açúcar, tem evoluído e atraído a atenção do mercado internacional. Além desses dois produtos, o Brasil já possui tecnologia para integrar numa mesma unidade a produção de biodiesel e energia elétrica.
Conhece também o caminho para a distribuição em larga escala do etanol e a tecnologia dos motores bicombustível. Analistas do setor o apontam como um modelo sustentável de produção, já que diminui a vulnerabilidade do produtor que se dedica a apenas um produto. Nenhum País domina o negócio do etanol como o Brasil. Em janeiro, os donos da Google estiveram no Brasil para visitar usinas. O mega-empresário Bill Gates, dono da Microsoft, é acionista de uma empresa que produz etanol nos EUA. O governo norte-americano estuda a inclusão do etanol em sua política nacional de combustíveis. Aproveitando o novo interesse internacional no etanol e o aumento da demanda, usineiros do Brasil estão desbravando continuamente novas áreas para aumentar a produção de cana-de-açúcar. Atualmente já existem projetos de cultivo de cana em áreas próximas ao Pantanal, na região do cerrado, em Tocantins, e até no Acre.

A indústria sucroalcoleira no Brasil cresce por ano o equivalente a uma Tailândia. Até 2010, se estima que serão necessárias 73 novas usinas para atender o aquecimento do mercado de álcool em relação à safra 2004/2005, o que representa um investimento de R$ 10,2 bilhões. Além disso, é previsto um movimento de expansão das indústrias atuais que tornará possível processar 74 milhões de toneladas de cana a mais até 2010, o que demanda um investimento de R$ 4,1 bilhões para o mesmo período.

O “boom” dos veículos movidos a motores bicombustível, que teve início em 2003, deu ao Brasil o status de centro de referência mundial em flex fuel. Hoje, apesar de não exportar motores inteiros, o Brasil vende para outros países tecnologia e know-how. Criou-se, também, no País, graças aos novos motores, um ambiente de concorrência entre combustíveis, que tenderá a manter o álcool em um preço ótimo, sempre entre 20% e 25% mais baixo do que o preço da gasolina. Se não houver essa diferença, relacionada ao menor rendimento do etanol, o proprietário de um bicombustível migrará naturalmente para a gasolina, contendo a demanda pelo álcool. O mercado penalizará o sobre-preço e conterá os movimentos especulativos, como o verificado atualmente.

Apesar do cenário otimista, o consultor André Valio destaca a necessidade de investimentos em logística no Brasil para o País se manter como principal fornecedor mundial de álcool e atender uma grande ampliação de demanda nos próximos anos. “Só o Japão tem um potencial de consumo de 1,8 bilhão de litros (o país autorizou a mistura de até 3% de anidro à gasolina em 2004), 50% da capacidade de exportação brasileira”, diz.

Fonte:
Ligia Guimarães, Liuca Yonaha, Ivonéte Dainese e Sabrina Lorenzi – InvestNews