Arte do Piemonte no Brasil

30/04/2007

Associação Cultural Artes de Mondovì

A Associação Cultural Artes de Mondovì foi fundada em 1998 por iniciativa do artista Sergio Donato Bruno juntamente com Lorenzo Barberis, crítico de arte e curador do acervo da associação. Ela nasce com o objetivo de promover a arte em todas as suas formas, desde as mais tradicionais até as formas mais modernas de expressão criativa como o web design, a arte da impressão e ilustração, tradicionais em Mondovì, como também a arte da cerâmica.

A associação Artes mantém uma exposição permanente. Mostras, concursos e outros eventos artísticos são organizados durante o ano, muitas vezes em colaboração com o município de Mondovì, outras com a participação de cidades vizinhas. O evento mais importante da entidade é o Concurso Nacional de Arte Gráfica de Mondovì.

Em 2005, através de uma doação de 22 obras de quatro de seus artistas, Sergio Donato Bruno, Alberto Bongini, Émile di Tomaso e Claudio Molinari, a associação Artes selou uma aliança cultural com a associação Piemontesi nel Mondo de São Paulo mais conhecida como “gemellaggio” cultural, fato inédito entre duas associações.

A inauguração da Mostra “A Arte do Piemonte-Gravuras” tem um significado muito especial para a associação Piemontesi nel Mondo neste ano em que se comemoram os seus vinte e cinco anos de fundação.

Salvaguardar a cultura da Região Piemonte significa tornar sua arte conhecida e apreciada, colocando-a entre as mais valorizadas expressões artísticas da Itália. Este sentido de piemontesidade é o que anima a associação, depois de vinte e cinco anos, a se manter viva e operante, e é a resposta que os jovens descendentes esperam: intercâmbio, comunicação, canais abertos para as informações, afinal de contas agora já somos todos ítalo-brasileiros.

Portanto, nada mais ilustrativo neste momento do que uma Mostra do Piemonte, nada mais significativo do que comemorar os vinte e cinco anos através da arte em sua manifestação individual dentro de um conceito de universalidade.

Cecilia Gasparini Manassero

Mondovì

Mondovì é uma pequena cidade, da Província de Cuneo, Região do Piemonte, localizada no norte ocidental da Itália, com cerca de 22 mil habitantes. A cidade é um típico centro medieval surgido em 1198 em torno a um doce relevo feito de colinas, que se desenvolveu a partir de sua elevação a Diocese em 1388, e em 1418 passou a fazer parte dos domínios da família Savoia. É justamente neste contexto que, em 1476 é impresso o primeiro livro piemontês com data certa, poucos anos antes da introdução de tal arte na Itália. Em 1476, além disso, Mondovì viu a impressão daquele que é considerado o primeiro livro ilustrado italiano impresso, uma coletânea de fábulas de Esopo com sessenta e sete preciosas ilustrações, ligadas estilisticamente à florescente escrita tardo-gótica local.

A experiência na ilustração gráfica não foi um caso isolado, porque a partir de 1508 estabeleceu-se na cidade uma família de tipógrafos, os Berruerio com seus volumes ilustrados. A arte da impressão viu o seu ápice sob os Torrentino, antes tipógrafos da família Médici em Florença. No século dezenove encontramos Francesco Gonin, autor das ilustrações do livro “I Promessi Sposi” de Alessandro Manzoni, uma das obras-primas da literatura italiana. No século vinte temos Francesco Franco, da cidade de Mondovì, titular em Turim da cátedra de entalhe na Academia de Arte local.

O trabalho da associação Artes, portanto, se apóia nessas bases para a promoção da arte gráfica. Seus artistas são conhecidos não só no Piemonte e na Itália, mas também em toda a Europa, tendo participado de várias exposições individuais como de mostras coletivas.

Artistas de Mondovì

São quatro autores, quatro histórias cujo traço comum, além do dado geográfico e das mesmas características de percurso expositivo, tem de ser individualizado através do empenho apaixonado pela busca artística e da vontade de vivenciar sempre novas experiências além das próprias. Isso é o que justifica a convergência destes quatro caminhos extremamente pessoais. O elemento unificador do signo dos quatro não deve ser buscado na proximidade estilística, mas sim na complementaridade dos percursos e na abertura apresentada por todos ao influxo de culturas e imagens diversas, que conduziu a associação Artes e seus artistas nesta nova e maravilhosa aventura brasileira.

Sergio Donato Bruno

Nascido em Mondovì, em 1953, forma-se artisticamente como autodidata com uma particular atenção à arte contemporânea. No início parte em uma busca figurativa sobre o tema da paisagem da Langa, onde suas obras se aproximam bastante da pintura.

Nos anos 90, seu trabalho o leva a diferentes cidades italianas e ao contato com realidades artísticas também diferentes, o que enriquece as suas produções. Repetidas viagens à Portugal fazem-no conhecer a arquitetura manuelina, que o artista considera um ponto de encontro entre a arte européia e a arte árabe. Já que a arte da figuração era proibida para os árabes, esta sua capacidade de caminhar para formas de abstração, exerce uma forte atração sobre o artista e o leva, finalmente, ao campo do abstrato ao conceitual, que constitui a chave de suas expressões artísticas sucessivas. Depois de uma pesquisa do Ponto Zero e da Utópica Medição do Espaço, onde se assiste a uma consciente e rigorosa dissolução da forma, a atenção do artista muda para a vertente do entalhe, de que esta resenha apresenta um significativo extrato. A relação entre os vários elementos de sua obra não é dada pela cor neste momento particular. Ao contrário, ele prefere um vigoroso preto e branco. É o que acontece com as gravuras que fazem parte da Mostra “A Arte do Piemonte-Gravuras”.

Alberto Bongini

O turinês Alberto Bongini, arquiteto por formação, nasce artisticamente como pintor e gravurista. Neste campo ele aplica sua texture, realizada inicialmente com uma caneta tinteiro muito fina. Em suas primeiras produções, ainda consistentemente figurativas, Bongini é apreciado por sua habilidade de tecelão de um lado e de inventor de formas do outro. Elemento este que está profundamente ligado aos seus caminhos iniciais no design, quanto à sua formação de arquiteto: mesmo quando o seu desenho imagina uma flor, um rosto, um animal ou um acessório de design, ele encontra sempre um modo de criar fantasiosos edifícios que traem a sua fantasia não convencional tão irônica que chega a atingir as raias do sarcasmo. Em sua produção mais recente Bongini aportou no mundo das cores com telas inspiradas em um refinado jogo de tonalidades, de luz e de sombra. É o que acontece com algumas das gravuras dos Dialoghi d’infinito blu que atualmente fazem parte do acervo da associação piemontesa. Bongini faz uma homenagem aos lugares que viu e descobriu em Versilia. As praias, as montanhas e colinas, mas, sobretudo o mar deste território que vai de Viareggio até o limite extremo do Forte dei Marmi, que foram interpretados por ele de forma simbólica, pouco figurativa, mas com grande intensidade.

Émile di Tomaso

Nascido em Bruxelas, em 1959, forma-se artisticamente na Bélgica, completando seus estudos em Turim, onde aprofunda o seu lado de entalhador. Sua primeira exposição acontece em 1996 na IDLight da Bélgica, seguida de mostras em Nizza Monferrato, Torino, Avigliana e Mondovì. Constam em sua biografia coletiva na Itália, França, Bélgica e Canadá. Titular da cátedra de entalhe do Instituto Europeu de Design de Torino, di Tomaso orientou suas escolhas gráficas em direção a uma matriz delicada e maleável, trabalhando para que o processo de impressão deixe de ser um puro procedimento mecânico; esta frágil leveza confere às suas obras um certo lirismo onírico que parece ser o traço de união de sua obra. Tomaso é presidente do comitê para o Troféu de Gráfica Cidade de Mondovì, organizado pela associação Artes.

Claudio Molinari

O mais jovem dos quatro artistas nasceu em Turim onde freqüenta o Liceu Artístico e a Academia Albertina de Belas Artes e estuda com Bressan e com Vila. Ele chega até a arte gráfica através do curso de litografia de Dudi d’Agostini e através de uma exposição pessoal em Nizza Monferrato, em 1993, intitulada Astrologia. Seguem-se outras Mostras de perfil internacional como a que foi apresentada no centro francês de Turim em 1996, a de Mykonos na Grécia em 2000, a da Bósnia Herzegovina em 2002 e a da Biblioteca Nacional de Florença em 2005. O atelier L’Artificio é o lugar aonde Claudio Molinari trabalha como entalhador e impressor em todas as técnicas calcográficas e litográficas. A partir de 2002, são bem conhecidos os seus compromissos e o seu percurso expositivo com a associação Artes. O seu traço incisivo e irônico capta com atenção os particulares da realidade que o circunda para depois trabalhá-los em uma chave de ironia refinada.