Voar entre as cidades-sede na Copa é 33,4% mais caro do que nas férias
11/06/2014
Quem viajar de avião entre as 12 cidades-sede da Copa do Mundo vai pagar, em média, 33,4% mais pelas passagens, na comparação com quem optar por voar nas férias de julho.
É o que mostra uma pesquisa feita pelo Núcleo de Economia dos Transportes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (Nectar-ITA).
O Nectar-ITA comparou os preços das passagens em dois períodos: de 9 de junho a 13 de julho (considerado o período da Copa, uma vez que o fluxo de passageiros começa um pouco antes da abertura do mundial) e de 14 a 28 de julho (considerado o período de "férias").
Na média, voar durante a Copa é 33,4% mais caro do que nas férias de meio de ano. Mas esse índice pode chegar a 46,4% nos voos partindo de Fortaleza (CE), por exemplo.
Aumento da malha para a Copa não segurou os preços
Uma das conclusões do estudo é que o aumento da malha aérea para o evento não foi suficiente para evitar a alta de preços nas cidades-sede.
"Se não houvesse o crescimento da malha durante a Copa, o aumento poderia ter sido bem maior, ou provavelmente faltariam assentos. Mesmo assim, concluímos que a maior oferta de voos não foi suficiente para segurar os preços", diz Alessandro Oliveira, professor do Nectar-ITA e organizador do estudo.
Para ele, a variação é considerável sobretudo porque a comparação foi feita com um período em que naturalmente os preços já são altos (as férias de julho).
Aumento foi maior em aeroportos privatizados
O estudo conclui, ainda, que os voos que partem dos cinco aeroportos que foram privatizados recentemente tiveram elevação de preços acima da média.
São eles: Confins, em Belo Horizonte, MG (aumento de 45,3%); Juscelino Kubitschek, em Brasília, DF (44,5%); Viracopos, em Campinas, SP (37,5%); Cumbica, em Guarulhos, SP (37,4%); e Galeão, no Rio de Janeiro, RJ (35,3%).
Isso mostraria que a expansão da infraestrutura e da capacidade dos aeroportos não foi suficiente para aliviar as pressões sobre os preços das passagens durante a Copa.
"Esses aeroportos não foram privatizados à toa: eles são estratégicos para as companhias aéreas. Mas o processo de privatização ainda não amadureceu a ponto de aumentar a competitividade. Por isso o efeito da demanda sobre eles ainda é muito forte, e isso influencia no preço das passagens", diz Oliveira.
Voar em dia de jogo é mais caro
Considerando apenas o período da Copa, o Nectar-ITA também comparou os preços cobrados em dias de jogos e em dias sem partidas.
Nesse caso, o que se vê é que voar em dia de jogo, saindo de uma cidade-sede para outra, é, em média, 12,5% mais caro. A maior diferença foi percebida nos voos que partem de Porto Alegre, que chegam a ser 39,7% mais caros.
Os voos que partem de Curitiba (PR) com destino a outra cidade-sede em dia de jogo, por outro lado, são 8% mais baratos do que em dia sem partida da Copa do Mundo.
Quase 800 mil tarifas foram pesquisadas
O estudo foi feito com base na comparação de 785.301 tarifas coletadas em agências virtuais que vendem passagens de várias companhias. Os dados foram pesquisados entre os dias 2 e 9 de junho.
Foram consideradas as tarifas cobradas de voos partindo de uma cidade-sede a outra, e depois o retorno para a origem. As 12 cidades-sede do evento são: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Natal (RN), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Cinco prazos de permanência no destino foram pesquisados: zero, um, três, sete e 15 dias. A pesquisa foi feita considerando, ainda, a seguinte quantidade de dias de antecedência em relação à viagem: um, três, sete, 15, 30 e 45 dias.
O Nectar-ITA também analisou, em outra parte da pesquisa, os preços de voos que partem de cinco cidades que não vão receber jogos: Belém (PA), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Maceió (AL) e Vitória (ES).
Os voos que saem dessas cidades com destino a cidades-sede são 3,3% mais caros durante a Copa, em média, do que nas férias de julho.
Fonte:
Alana Freitas
Uol