Vendas de veículos surpreendem e crescimento pode chegar a 25%

09/01/2009

Montadoras refazem projeção pela terceira vez e produção vai se aproximar da marca de 3 milhões de unidades

Cleide Silva

Pela terceira vez, a indústria automobilística refez suas contas e projeta vendas superiores às previstas no início no ano. Até dezembro, devem ir para as ruas do País pouco mais de 2,4 milhões de veículos novos, 25% a mais que em 2006. Já a produção estará perto de atingir a marca histórica de 3 milhões de unidades, um aumento de 13,4% em relação ao ano passado.

‘Não é um crescimento chinês, mas é relevante’, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. Pela última projeção feita em julho, as montadoras esperavam crescer 22% em vendas, para 2,35 milhões de unidades, e 10% em produção, para 2,87 milhões de veículos, incluindo caminhões e ônibus.

Para 2008, Schneider espera a continuidade da escalada, porém em ritmo menor. ‘Ainda há espaço potencial de crescimento, mas não dessa ordem .’

O setor iniciou 2007 falando em vender 2 milhões de veículos. Com o vigor do mercado, alimentado por crédito em abundância, prazos longos para financiamento e economia estável, teve de alterar sua previsão. Até setembro, já foram vendidos 1,739 milhão de carros, 27,4% a mais que em igual período de 2006. ‘Nunca vendemos tantos carros nesse período’, ressalta Schneider.

Em setembro, com menos dias úteis que em agosto, os negócios recuaram 13,3%, com 204 mil unidades licenciadas, mas em relação ao mesmo mês do ano passado houve alta de 28%. Levando-se em conta só os dias úteis, a indústria vendeu 500 carros a mais por dia no mês passado ante o anterior. Em produção, as empresas já passaram da casa dos 2,1 milhões de unidades, 10,6% a mais que em 2006, e chegarão a 2,96 milhões de unidades.

Segundo Schneider, o volume de crédito disponível para o financiamento de carros é de R$ 74,2 bilhões no acumulado até setembro, 23,3% a mais que há um ano. Os juros no período baixaram de 23,7% ao ano para 19,6%. A inadimplência segue estável, em 3,2%, ‘patamar bem abaixo ao do resto dos bens de consumo, que está em 7,2%’.

Para que grandes metrópoles como São Paulo não sofram um apagão no trânsito, com tantos carros nas ruas, a Anfavea acredita em ações governamentais, como colocar em prática o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e investir em transporte público.

As exportações, em valores, acumulam alta de 5% comparadas a 2006, com US$ 9,4 bilhões, reflexo do aumento de preços promovido para compensar a valorização do real frente ao dólar. Em unidades, foram exportados 594 mil veículos, 7,9% a menos que em 2006. Por causa desse desempenho, as projeções foram mantidas em US$ 12,1 bilhões e em 750 mil unidades para este ano

Os números para máquinas agrícolas também foram refeitos e espera-se alta de 40% nas vendas, para 36 mil unidades, e de 30,2% na produção, para 60 mil unidades. Até setembro, o aumento foi de 43% nas vendas (27 mil unidades) e de 34,9% na produção (47,9 mil unidades).

Para dar conta da demanda, as montadoras contrataram 1.645 funcionários em setembro, e totalizam hoje quadro de 117,1 mil empregados, 10,8 mil a mais que no fim de 2006.

AUTOPEÇAS

Não há risco de falta de peças para atender à produção de carros neste ano e em 2008, quando devem ser fabricados 3,2 milhões de veículos, afirma o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes (Sindipeças), Paulo Butori. Já para 2009 há dúvidas. ‘Pode começar a soluçar.’

A incerteza, diz Butori, é mais voltada à infra-estrutura do País, como abastecimento de energia, capacidade dos portos e das estradas. As empresas do setor precisam estar confiantes de que esses problemas serão resolvidos para ampliar a capacidade produtiva. ‘Será preciso investir, do contrário o abastecimento será entregue aos estrangeiros, pois as empresas vão importar’, afirma.

As montadoras estão próximas de atingir o limite da capacidade instalada, de 3,5 milhões de veículos. Schneider acredita que o aumento da capacidade ocorrerá. A Toyota procura área para construir nova fábrica. A Fiat, segundo fontes do mercado, também estuda nova unidade, embora a empresa não confirme. A GM poderá ter uma filial em Pernambuco.

Fonte:
Estado de S.Paulo