Uso de cartões cresce 136% entre pessoas da baixa renda

09/01/2009

O faturamento das operadoras de cartões de crédito no País deve chegar a R$ 181 bilhões em 2007. No Ceará foram R$ 872 milhões até setembro

O aumento da oferta de dinheiro para a população de baixa renda foi o principal responsável pela ampliação do faturamento da indústria de cartões de crédito, que era de R$ 88 bilhões em 2003 e deve chegar a R$ 181 bilhões no final deste ano. O uso de cartões nessa camada cresceu 136% nos últimos quatro anos, índice bem acima dos 85% das demais classes.

Os dados são do estudo “Baixa renda: o cartão como instrumento de crédito”, que estão na pesquisa “Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento”, realizada pela Itaucard. “O mercado, que cresce cerca de 20% ao ano desde 1994, continua crescendo vigorosamente. De 2003 a 2007, a alta foi de 136% na baixa renda e de 58% nas demais faixas de renda e ainda temos capacidade de crescer mais”, afirma o diretor de Marketing de Cartões do Itaú, Fernando Chacon.

Segundo o estudo, em todo o País, a quantidade de cartões emitidos para pessoas de baixa renda foi de 26 milhões em 2003 (58% do total) e a expectativa é que chegue a 61 milhões ao fim de 2007 (67%). ” Este aumento de 135% na emissão de cartões é indicativo de que este público percebeu que pode controlar melhor os seus gastos rotineiros e obter mais crédito, sem juros, para compras de bens de maior valor. 42% dos brasileiros são de baixa renda e podemos aumentar a nossa penetração nesse público. Nas outras classes, apostamos em um faturamento cada vez maior”, explica.

A pesquisa também revela que, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, o faturamento da indústria de cartões no Ceará foi de R$ 872 milhões, deixando o Estado na quinta colocação do País, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. Desse total, 54% do que foi faturado pelas operadoras de cartões saiu dos bolsos das pessoas que recebem de R$ 150 a R$ 1.499 por mês, consideradas baixa renda pela pesquisa.

Fernando Chacon acrescenta que 52% da população do Nordeste é considerada de baixa renda e que a Região responde por 22,4% da indústria de cartões do País. “Não acredito que teremos problemas de inadimplência superiores às existentes nas demais classes. Acredito no círculo virtuoso que será construído a partir de um maior crescimento do País, que vai gerar mais empregos e melhorar a renda das pessoas. O crédito, então, está antecipando a capacidade de consumo”, analisa o diretor de Marketing de Cartões do Itaú.

Em relação ao perfil dos usuários de cartões de crédito, o estudo da Itaucard mostra que, na classe baixa, são as mulheres que mais gastam, apesar do número de operações ser semelhante ao dos homens. Na alta renda, contudo, o público masculino responde pela maioria do faturamento e apresenta número médio de transações nitidamente superior ao do público feminino. Chacon destaca uma característica do comportamento social apontada pela pesquisa: “Nas classes menos favorecidas o homem é quem aporta um valor maior no orçamento mensal, administrado, de uma forma geral, pelas mulheres”, afirma Chacon.