UE quer diversificar fornecedores de biocombustíveis

09/01/2009

BRUXELAS (Reuters) – A Europa terá de depender de uma ampla variedade de países, começando pelo Brasil e Indonésia, se quiser cumprir as ambiciosas metas de elevar a participação dos biocombustíveis no setor de transporte, anunciou o órgão executivo da União Européia na terça-feira.

Com a uma meta proposta de 10 por cento de participação para os biocombustíveis no total de combustível usado em veículos até 2020, a Comissão Européia reconhece que serão necessárias mais importações, tanto de produtos já processados quanto de matérias-primas, para complementar a oferta interna.

“Embora seja possível elevar a produção interna da Europa, também teremos de contar, em certa medida, com importações, para atingir a meta dos 10 por cento”, disse Michael Mann, porta-voz da Comissão Européia para a agricultura.

“Será uma combinação de importações de países como Brasil e Indonésia e de produção interna”, disse Mann, falando ao Reuters Global Biofuel Summit.

O Brasil, maior fornecedor mundial de etanol produzido a partir de cana, seria um candidato óbvio a ampliar suas exportações aos mercados da União Européia. Para o biodiesel, feito principalmente de óleos vegetais, a Indonésia seria provavelmente a fornecedora primária.

As propostas da Comissão precisam ser aprovadas pelos ministros dos países-membros. As maiores necessidades de importação, por sua vez, acarretam perigos como excessiva dependência de um único fornecedor e danos ambientais em outros países.

Para evitar esses riscos, a União Européia teria de usar diversas fontes de importação, o que garantiria a sustentabilidade ambiental dos produtos fornecidos à Europa, disse Mann.

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL

“Queremos diversificar as fontes. Não queremos subitamente depender demais de um país onde possa haver problemas ambientais”, disse.

“Estamos no momento trabalhando em alguma forma de sistema de certificação que garanta que os biocombustíveis importados, ou sua matéria-prima, sejam gerados por produção sustentável”, disse. “Mas o processo está em estágio inicial de desenvolvimento.”

O sistema poderia seguir o exemplo daquele voluntário desenvolvido pela UE para madeira, de 2005, onde exportadores têm de provar que seu produto não vem de florestas ameaçadas, disse.

A UE também poderia importar matérias-primas como biomassa para serem processadas no bloco. Nesse caso, Rússia e Ucrânia são possíveis fornecedores.

“Há receio de monocultura se estimularmos o crescimento de matérias-primas na UE. Isso é algo que estamos tentando evitar por meio de políticas de rotação de culturas.”

Fonte:
Reuters