UE e Mercosul esperam ter acordo até outubro de 2004

11/11/2008

Ministros analisarão cronograma da negociação A reunião de ministros do Mercosul e da União Européia (UE) avaliará amanhã, em Bruxelas, um programa de trabalho que prevê para até 31 de outubro de 2004 a conclusão do acordo de livre comércio entre os dois blocos. Representantes dos dois lados reconhecem que o desafio está todo em como equilibrar os termos do acordo até aquela data, que coincide com o fim do mandato da atual Comissão Européia e com o Brasil na presidência rotativa do Mercosul. Ministros do Mercosul chegam a Bruxelas reafirmando que o equilíbrio da negociação está todo condicionado a uma nova oferta agrícola por parte da União Européia que englobe produtos sensíveis do bloco, como carne, açúcar, tabaco e outros. Por sua vez, a UE quer saber que preço o Mercosul está disposto a pagar para tanto. Bruxelas demanda flexibilidade do Mercosul nas áreas de produtos industriais, serviços, investimentos e compras governamentais, para que a negociação avance. Acho que há interesse de todos que essas negociações transcorram em paralelo com a Alca e a OMC, declarou ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. A bola está do lado da UE. Na mesma linha, o embaixador brasileiro junto à UE, José Alfredo Graça Lima, reitera que o cronograma de trabalho pode relançar a negociação, mas que para ter credibilidade, ser realista e ambicioso tem que fazer definições na agricultura . Até agora, o acesso ao mercado com o qual Bruxelas acena informalmente para o Mercosul, através de cotas ou redução tarifária, é considerado pouco significativo pelos negociadores do bloco do Cone Sul. A porta-voz de comércio, Arancha Gonzalez, deixa claro que há disposição de negociar em Bruxelas, desde que o Mercosul dê reciprocidade e não exclua nenhum tema, numa referência à ausência de oferta do bloco na área de compras governamentais. De passagem por Genebra, o ministro Amorim cobrou de Bruxelas que apresente uma oferta agrícola quantitativa e não apenas idéias. É justamente o que os europeus não querem fazer agora. Argumentam que só podem indicar onde o Mercosul vai realmente ganhar quando houver acordo na OMC sobre as modalidades da negociação agrícola. O comissário para a agricultura, Franz Fischler, sequer participará da reunião ministerial de amanhã. Vai à Áustria, seu país de origem, para um seminário. Para compensar, promove um jantar hoje com os ministros do Mercosul. Um gesto que não o compromete com negociação. O porta-voz agrícola da UE, Gregor Krezhuber, avisa que Fischler quer falar é de OMC. "O alto grau de ambição do Brasil nos causa problema, porque acabamos de fazer uma reforma da Política Agrícola Comum (PAC), mas as demandas continuam altas. O Brasil precisa entender que há diferenças nas formas de subsídios agrícolas. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, está otimista em relação à reunião entre União Européia e Mercosul. "Nossa expectativa é de que haja um avanço", disse o ministro em São Paulo em evento da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Para Furlan, a UE tem mais condições do que os Estados Unidos de fazer ofertas em temas sensíveis para o Brasil como agricultura. O ministro se reúne hoje à noite com o comissário europeu para a Agricultura, Franz Fischler.(Colaborou Raquel Landim, de São Paulo) Valor Economico