UE e América Latina discutem relações comerciais nesta semana
18/05/2010
A União Europeia buscará concluir acordos comerciais com uma série de países da América Latina e reviver outras negociações paralisadas no encontro de 60 países europeus e latinoamericanos nesta semana em Madri.
A cúpula de chefes de Estado da Europa e da América Latina, que acontece a cada dois anos, tem sido obscurecida por ameaças de boicote de países latinoamericanos contra a participação do presidente hondurenho Porfírio Lobo.
Muitas nações da América do Sul, exceto a Colômbia e o Peru, consideram Lobo ilegítimo por ter sido eleito em votação organizada por apoiadores do golpe que depôs o ex-presidente Manuel Zelaya em 2009.
Porém, o presidente Luiz Inácio Da Silva e sua colega argentina, Cristina Fernández de Kirchner, devem comparecer.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse na sexta-feira que não irá ao evento, mas não deu motivo para sua decisão.
Diplomatas da UE disseram que o bloco lançará formalmente uma linha de crédito para a América Latina no valor de 225 milhões de euros para alavancar o investimento em projetos na região.
O instrumento financeiro é parecido com a linha de crédito da UE para os vizinhos do leste, que, através de concessões de 71 milhões de euros, apoia projetos no valor de cerca de 2,7 bilhões de euros.
Negociações comerciais estagnadas
Os 27 países da União Europeia e o Mercosul, grupo constituído por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, planejam reviver formalmente suas negociações comerciais estagnadas, que foram iniciadas há mais de uma década e suspensas em 2004.
Os países do Mercosul disseram, à época, que não estavam satisfeitos com a oferta de acesso ao mercado agricultor, enquanto a UE reclamou sobre a falta de propostas do Mercosul para abrir seu mercado de telecomunicações e proteger indústrias da Europa.
Diplomatas da UE disseram que o bloco buscará um acordo comercial com o Mercosul apesar de preocupações da França e de alguns outros países da região de que isso possa prejudicar os setores agrícolas.
"O Mercosul é um importante bloco econômico, protegido, emergente, e tem potencialmente muitos valores econômicos para a UE e não tem um acordo de livre comércio com nenhum outro país", disse um diplomata da UE.
"As negociações serão muito difíceis, isso é muito claro. O Mercosul é um dos mais competitivos produtores agrícolas do mundo e é muito competitivo em produtos que nós produzimos na Europa."
O lento progresso da Rodada Doha pressionou Bruxelas a procurar acordos comerciais regionais. A UE também pretende se opor à expansão da China na América Latina, região que deve crescer entre 4% e 4,5% neste ano.
Além do acordo com o Mercosul, a UE espera assinar um acordo com a Colômbia e o Peru e concluir outro acordo comercial com estados da América Central.
As negociações entre a UE e Panamá, Guatemala, Costa Rica, El Salvador, Honduras e Nicarágua colapsaram na semana passada depois que as partes falharam em concordar sobre uma série de questões, incluindo as importações de laticínios.
Diplomatas disseram que as autoridades se reuniram neste fim de semana e esperam chegar a um acordo antes da cúpula na terça-feira.
Fonte:
Reuters