Tim investe R$ 262 milhões em pólo tecnologico no ABC

09/01/2009

A operadora de telefonia móvel TIM decidiu instalar na região industrial do ABC paulista, mais precisamente no município de Santo André, seu primeiro e principal pólo de Tecnologia da Informação no Brasil.

O pólo de prestação de serviços ocupará uma área de 30 mil metros quadrados, pertencente à Pirelli (que faz parte do grupo controlador da Telecom Italia e da TIM), e receberá investimentos totais de R$ 262 milhões nos próximos três anos. Ao final deste período, estará funcionando a plena carga, com cerca de 2,5 mil funcionários ocupados com atendimento ao cliente (call center), desenvolvimento de softwares e integração de sistemas. A implantação do pólo em Santo André se enquadra nos esforços do município e da região do ABC de reorientar suas forças produtivas também para o setor de serviços.

A operadora de telefonia italiana decidiu concentrar sua infra-estrutura de TI e seus serviços de atendimento aos clientes do mercado corporativo e pós-pagos em Santo André. O call center, que funcionará em uma área contígua à principal unidade industrial da Pirelli no País, onde a multinacional opera desde 1929 e produz pneus e cabos, se alimentará da mão-de-obra formada nas escolas técnicas e universidades da região. Já em agosto de 2005, quando entrará em funcionamento, o pólo tecnológico empregará cerca de 500 pessoas. Do total de postos de trabalho gerados até 2007, o call center absorverá cerca de 1,9 mil. A “fábrica” de software, que ocupará parte da área do pólo, concentrará esforços no desenvolvimento e na tropicalização de aplicações para a telefonia móvel. Na primeira fase, os dirigentes da TIM não falam de terceirização de serviços off shore para a matriz. A curto e médio prazo, o pólo atenderá somente as demandas internas da TIM.

“Estamos transformando uma área industrial em uma área de prestação de serviços e assumindo um compromisso com o desenvolvimento regional”, afirma o presidente da Telecom Italia América Latina e presidente do Conselho de Administração da TIM Brasil, Paolo Dal Pino. A conversão de um grande galpão industrial desativado em um centro de prestação de serviços de TI tem o efeito revelador da nova direção do desenvolvimento econômico. No cenário, em vez de chaminés de fábricas aparecem as grandes antenas de telecomunicações.

No caso do pólo de Santo André, os objetivos da TIM envolvem, por exemplo, a participação em uma incubadora de empresas atrelada à Agência de Desenvolvimento Regional do Grande ABC. Envolvem, também, segundo o consultor do projeto, André Urani, parcerias com o mundo acadêmico e com os poderes públicos locais para mudar o perfil produtivo da região. O pólo da TIM está inserido no Projeto Eixo Tamanduatehy, da Prefeitura de Santo André, sustentado em operações urbanas e parcerias entre o poder público e empresas privadas. Busca-se capacitar mão-de-obra e estimular novos arranjos produtivos, sustentados em micros e pequenas empresas, com o objetivo de gerar empregos e impulsionar o desenvolvimento.

Urani cita o exemplo de Milão como possível referência para o ABC paulista. A agência de desenvolvimento da cidade italiana gerenciou com sucesso a migração de projetos produtivos tradicionais (cadeia metal-mecânica, etc) para redes de micro e pequenas empresas. “O resultado é que a taxa de desemprego em Milão está hoje em 6%, enquanto em Torino, berço da Fiat e da indústria automobilística italiana, essa taxa é de cerca de 15%”, diz.

No que se refere propriamente aos negócios da TIM, a iniciativa de criação do pólo faz parte de um esforço de organização das operações de TI e de melhoria de qualidade dos serviços, incluindo o atendimento ao cliente. Segundo o presidente da TIM Brasil, Mário César Pereira de Araújo, através do pólo, a operadora, que detém 21% de participação no mercado brasileiro de telefonia móvel, o equivalente a 13,5 milhões de assinantes, poderá ampliar suas atividades no País de forma planejada, com eficiência a longo prazo e otimização de seus custos. Parte dos postos de trabalho do pólo serão criados por conta de remanejamentos de operações e empregos de outras regiões. A TIM conta hoje, por exemplo, com seis centrais de atendimento no País: Recife, Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. A empresa tem, no total, cerca de 7,2 mil funcionários. Os R$ 262 milhões que serão aplicados no pólo estão contidos no plano total de investimentos de US$ 1,5 bilhão anunciado pela TIM Brasil para o biênio 2005/2006. Segundo Dal Pino, a operadora investiu cerca de US$ 1,2 bilhão em 2004 no País.

Fonte: Gazeta Mercantil