Tesouro conclui captação em reais e abre mercado
09/01/2009
São Paulo, 20 de Setembro de 2005 – Na esteira do setor privado, operação inédita emite o equivalente a US$ 1,5 bilhão. O Tesouro Nacional concluiu ontem a primeira captação externa em reais de sua história. Com a venda de bônus com vencimento em 2016, conseguiu US$ 1,5 bilhão no mercado externo, o equivalente em moeda local a R$ 3,4 bilhões. Embora o Brasil receba em dólar o valor captado – que engorda as reservas a partir do dia 26 de setembro -, a denominação em reais da operação eleva o custo, mas elimina o risco cambial.
A emissão foi considerada um sucesso e a demanda superou os US$ 4 bilhões. “O momento escolhido pelo Tesouro foi bastante oportuno por conta da liquidez do mercado internacional e também dos bons fundamentos da economia”, avalia o economista-chefe da corretora Fator, Vladimir Caramaschi. Os papéis foram colocados no mercado a 98,636% do valor de face e pagarão um rendimento de 12,75% ao ano para o investidor.
A operação em reais era aguardada pelo mercado financeiro desde a semana passada, quando o Tesouro decidiu que os bancos JP Morgan e Goldman Sachs iriam liderar a emissão, ganhando pouco depois a companhia do Itaú, escolhido co-emissor. Até agora, apenas o setor privado (bancos Bradesco e Votorantim, por exemplo) tinha realizado emissões externas em reais. Vindo nessa esteira, a captação do Tesouro reforça o que o mercado financeiro chama de “janela de oportunidade” e anima empresas a também lançarem seus bônus. Ontem mesmo o Bradesco abriu uma emissão no mercado externo, também denominada em reais, no valor de US$ 100 milhões.
O retorno pago aos investidores estrangeiros pelo Brasil, de 12,75% ao ano, ficou acima da média das últimas operações realizadas. Para assumir o risco cambial – que em operações em dólar ficava com o País – investidores exigiram um prêmio maior. Na última captação feita pelo governo este ano (dia 6 de setembro), emitiu-se US$ 1 bilhão em títulos Global 2025, com taxa de 8,52% ao ano.
Somando US$ 2,5 bilhões, essas duas operações antecipam a programação do Tesouro para o período 2006/2007. O objetivo é captar US$ 9 bilhões nos próximos dois anos. Um marco histórico, a emissão soberana em reais reflete os bons fundamentos da economia.
Fonte:
Gazeta Mercantil/1ª Página
Jiane Carvalho
20/9/2005