Setor de serviços no Brasil tem maior contração em 2 anos

05/11/2014

São Paulo – O setor de serviços no Brasil fechou outubro com a maior contração em mais de dois anos, afetado sobretudo pela realização das eleições que levaram à primeira queda mensal no volume de novos negócios desde agosto de 2012, segundo o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta quarta-feira.

Apesar dos números ruins, o indicador mostrou melhora no otimismo das empresas com o futuro, mas ainda em níveis bastante baixo.

O PMI de serviços apurado pelo Markit recuou a 48,2 em outubro, após marcar 51,2 em setembro e ficar acima da marca que separa expansão de contração. O resultado de outubro é o pior em vinte e seis meses.

"Segundo várias empresas pesquisadas, as condições de mercado se mostraram contidas em função das eleições recentes", escreveu o Markit em relatório, ressaltando que a categoria Intermediação Financeira foi a que mostrou pior desempenho entre os seis subsetores monitorados.

No mês passado, o volume de novos negócios do setor de serviços ficou "marginalmente abaixo" de 50, interrompendo um período de expansão de vinte e cinco meses. As eleições de outubro foram as mais acirradas desde a redemocratização no país, na década de 1980, culminando com a vitória apertada da presidente Dilma Rousseff que tem pela frente diversos desafios na área econômica que passam pela fraca atividade, inflação elevada e falta de confiança dos agentes econômicos.

O emprego no setor de serviços também mostrou cansaço em outubro, marcando o terceiro mês seguido de redução de números de funcionários, com taxa de corte acelerando e chegando ao ponto mais rápido desde fevereiro de 2013.

O Markit informou ainda que, devido à concorrência, as empresas brasileiras de serviços reduziram seus preços de venda em outubro pela primeira vez em quase cinco anos, ainda que de forma modesta.

O movimento veio junto com menor pressão inflacionária sobre os custos no período, tingindo o menor nível em três meses. O Markit apurou ainda que, mesmo neste cenário de contração, o otimismo entre as empresas cresceu, indo ao pico de três meses devido às perspectivas positivas de novos clientes e de não haver mais eleições ou Copa do Mundo. "Porém, o grau de sentimento permaneceu historicamente fraco".

O indicador de confiança de serviços da Fundação Getulio Vargas (FGV) também captou melhora de humor em outubro, mostrando a primeira variação positiva neste ano.

A economia brasileira não tem dados sinais consistentes de recuperação e, após entrar em recessão técnica no semestre passado, deve fechar este ano com expansão de apenas 0,24 por cento, segundo pesquisa Focus do Banco Central com economistas.

Para 2015, os economistas veem crescimento de 1 por cento, ainda bem abaixo dos 2,5 por cento vistos em 2013. Com o desempenho do setor de serviços, junto com o PMI da indústria, o PMI Composto do país recuou a 48,4 em outubro frente a 50,6 em setembro, com o ritmo de queda mais rápido desde maio de 2009, segundo o Markit.

 

Fonte:
Exame