Sem surpresas, BC volta a reduzir taxa de juros em 0,5 ponto
09/01/2009
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa de básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,5 ponto percentual. Com isso, a taxa passa de 19% para 18,5%. A decisão bateu com os prognósticos do mercado financeiro.
A baixa na Selic é a terceira consecutiva, após movimento de alta que durou quase um ano. Em setembro, depois da taxa escalar de 16% para 19,75% entre setembro de 2004 e 2005, o Banco Central reduziu a Selic para 19,5%. No mês seguinte, nova queda, desta vez de 0,5 ponto. No ponto mais alto, os juros do governo Lula atingiram 26,5% entre fevereiro e junho de 2003.
A decisão do Copom, apoiada pelos bons índices de inflação apurados nas últimas semanas, foi unânime, e a Selic segue sem viés – mecanismo que permitiria uma mudança (para mais ou menos) antes da próxima reunião ordinária do comitê, marcada para os dias 22 e 23 de novembro.
O Copom repetiu em nota o comentário que havia feito na reunião anterior, de que a flexibilização da política monetária neste momento não compromete as conquistas obtidas no combate à inflação.
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Segundo analistas de mercado, a cautela de queda nos juros não chegou a ser afetado pelos índices de produção industrial divulgados recentemente, mais fracos que o esperado. Como os dados não mostram desaquecimento a longo prazo, o Copom não teria como justificar movimentações mais bruscas, como redução de 0,75 ou até 1 ponto percentual na taxa.
A produção industrial caiu 2% em setembro ante agosto, enquanto analistas esperavam, em média, retração de 1,1%. Em relação a setembro do ano passado, a atividade cresceu apenas 0,2% – ante previsão de 2,1%.
Há também a preocupação com a inflação, que deixou de apontar queda nos preços desde a primeira redução da Selic, em setembro. O IPCA de outubro, divulgado um dia após a produção industrial, acelerou mais que o esperado. A inflação por esse índice, que serve de base para a meta perseguida pelo BC, foi de 0,75% no mês passado – acima da ponta mais alta das estimativas do mercado.
No ano, o IPCA acumula alta de 4,73%, frente à meta de 5,1%.
Para dezembro, queda maior
Antes mesmo da divulgação da nova taxa, os economistas e analistas de mercado já previam o resultado da próxima reunião do Copom, marcada para os dias 13 e 14 de dezembro. A expectativa, desta vez, é de queda de 0,75 ponto percentual, já que a pressão inflacionária – provocada pelo aumento dos combustíveis – deve cair.
Até a próxima reunião, será divulgado também dados do desempenho do PIB do terceiro trimestre. Um crescimento abaixo do esperado pode dar subsídios para que o Copom aposte em uma redução mais acelerada, já que haveria a necessidade de reaquecer a economia para o início de 2006.
Desapontamento
A decisão do Copom desagradou boa parte dos grupos de empresários e sindicatos, que consideraram o corte de 0,5 ponto insuficiente. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou mais uma vez a decisão do órgão.
Para o presidente da entidade, Paulo Skaf, a redução foi “pífia” e confirmaria “a existência de imenso fosso entre o pensamento do Banco Central e a filosofia dos setores produtivos”.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, reclamou da lentidão na queda dos juros. “O Copom tem ministrado o remédio para a economia brasileira gota por gota, quando é preciso de doses bem maiores”, afirma. A nota critica também a permanência do ministro Antônio Palocci no comando da economia brasileira.
“Reiteramos a necessidade de Palocci ser substituído, é evidente a falta de credibilidade do ministro. Ele está enfraquecido politicamente, o Brasil é muito maior que ele”.
Já para a CUT, a taxa, ainda elevada, serve como aliada para a concentração de renda no País. “A CUT insiste que juros altíssimos atrapalham o processo de geração de empregos e são aliados da concentração de renda”, diz a entidade em nota oficial.
“Com o inexpressivo recuo de apenas 0,5 ponto percentual, os juros reais do Brasil caem para 11,1% ao ano. São os mais altos do mundo”, comenta o empresário Mário César de Camargo, da Associação Brasileira da Indústria Gráfica.
Fonte:
Invertia