Riscos internos e externos aumentam em 2007

09/01/2009

O governo vai perder, em 2007, pelo menos uma das âncoras que estão ajudando a economia este ano: a agricultura. Além da expectativa real de uma menor safra agrícola, contudo, o desempenho das contas públicas e o crescimento da economia mundial aparecerem nas listas de riscos possíveis do próximo ano.

“O país pode crescer perto de 4,0% este ano, mas ainda estamos longe de um perfil sustentado”, diz Celso Toledo, economista-chefe da MCM Consultores. “A qualidade do ajuste fiscal é ruim”, diz ele.

Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômica (Fipe), concorda que o gasto fiscal é um problema e acrescenta preocupações com o campo. Ele lembra que o próprio ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, já está calculando uma redução de seis milhões de hectares na área plantada no período 2006/2007, e o país deve colher a menor safra dos últimos cinco anos.

A menor oferta agrícola fará com que o volume disponível para exportação caia, situação que deve puxar os preços para cima, pondo fim a um dos braços da “dupla âncora verde”. A queda nas exportações agrícolas, por sua vez, podem levar a desvalorização do câmbio, mexendo com o segundo braço da âncora. “Mas o mais importante para mexer com o câmbio é a demanda externa”, diz Picchetti.

O economista Roberto Padovani, da Tendências Consultoria, não vê riscos inflação de demanda este ano porque a economia, diz, ainda cresce abaixo do potencial. Para 2007, contudo, “os riscos sobem”. Até lá, pondera, a economia já estará usando mais plenamente sua atual capacidade produtiva. (DN)

Fonte:
Valor Economico