Relatório da OIT revela aumento no desemprego entre jovens
09/01/2009
De acordo com relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta segunda-feira, o número de jovens entre 15 e 24 anos que estão desempregados aumentou durante a última década e mesmo aqueles que têm trabalho vivem em condições de pobreza. Na América Latina e Caribe isso representa 16,6% de desemprego juvenil, refletindo o déficit de oportunidades na região.
A OIT apurou que entre 1995 e 2005, período em que a população juvenil cresceu 13,2%, o número de jovens desempregados aumentou de 74 para 85 milhões, o que representa um crescimento de 14,8%, ou 44% do total de desempregados do mundo. A disponibilidade de empregos neste período aumentou somente 3,8% e chegou a 548 milhões, número insuficiente até mesmo se fosse destinado unicamente à população jovem, que já chega a 1,1 bilhões de pessoas.
O relatório acrescenta que cerca de 25% da população juvenil, ou cerca de 300 milhões de pessoas, vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, com menos de US$ 2,00 por dia. Isso demonstra que a disponibilidade de um emprego já não representa uma garantia de sustento econômico para os jovens. A pobreza é persistente entre cerca de 56% dos jovens trabalhadores.
O desemprego entre os jovens é três vezes mais comum do que entre os adultos e as desvantagens enfrentadas pelos mais novos são maiores no mundo em desenvolvimento, onde eles representam uma parcela maior da força de trabalho do que nos países industrializados, diz o relatório.
Os desafios são ainda maiores no caso das mulheres jovens, cuja diferença de participação na força de trabalho em relação aos homens é maior no mundo em desenvolvimento. Esta diferença é produzida por tradições culturais, falta de oportunidades para que possam combinar o trabalho com as tarefas domésticas e a tendências dos mercados a descartarem as mulheres mais rápido do que os homens em caso de cortes.
Outro dado alarmante do relatório se refere ao aumento no número de jovens que não trabalham nem estudam. Estima-se que 34% dos jovens na Europa central e do Leste vivem nesta situação. Na África subsaariana são 27%, na América Central e do Sul 21% e 13% por cento nas economias industrializadas e na União Européia.
A organização alerta que a falta de trabalho, quando ocorre muito cedo, pode comprometer de forma permanente as possibilidades futuras de trabalho e que é urgente desenvolver estratégias que dêem aos jovens a oportunidade de maximizar seu potencial produtivo através de empregos dignos.
Além disso, a impossibilidade de encontrar um emprego gera uma sensação de vulnerabilidade, inutilidade e tudo isso custa caro à sociedade. Há diminuição de poupanças, perdas de demanda agregada, diminuição de investimentos e custos sociais com serviços de prevenção ao crime e ao uso de drogas.
Pelo mundo
A taxa de desemprego juvenil mais elevada foi registrada na região do Oriente Médio e África do Norte, com 25,7%. Europa central e o Leste Europeu (fora da União Européia) e a CEI têm a segunda taxa mais alta com 19,9%. A taxa da África subsaariana foi de 18,1%, seguida da América Latina e Caribe com 16,6%, Sudeste Asiático e Pacífico com 15,8%, as economias industrializadas e a União Européia com 13,1%, Ásia Meridional com 10% e Ásia Oriental com 7,8%.
A região das economias industrializadas e a União Européia foi a única que teve uma queda considerável do desemprego juvenil nos últimos dez anos. Esta mudança foi atribuída à menor participação dos jovens na força de trabalho, mais do que à estratégias bem sucedidas de geração de empregos.
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Último Segundo