Produtores italianos de açúcar optarão por cereais após reforma

09/01/2009

LONDRES (Reuters) – Produtores rurais italianos devem passar a plantar trigo e milho depois dos cortes na produção de açúcar determinados pela reforma na política açucareira européia, abrindo espaço para importações de açúcar refinado de países como a França e a Alemanha, disse um grupo de produtores na terça-feira.

Carlo Biasco, diretor geral da Associação Nacional de Produtores de Beterraba, afirmou à Reuters que fábricas de açúcar na Itália podem eventualmente ser convertidas para produção de etanol derivado de beterraba ou de grãos para atender a futura demanda pelo biocombustível.

A produção de açúcar na Itália, um dos produtores menos eficientes da União Européia, pode cair pela metade pelos próximos cinco anos com o pacote de mudanças anunciado na semana passada, que estabelece um corte de 36 por cento nos preços de garantia em quatro anos.

As mudanças, que começam em 2006/07, são o primeiro corte significativo nos subsídios da UE ao açúcar em quase quatro décadas.

Estimando que a produção anual da Itália cairia para 700 a 750 mil toneladas em cinco anos, Biasco disse que a Itália dificilmente atingiria o consumo doméstico com sua produção própria, precisando portanto importar.

A entidade prevê uma produção para este ano de 1,77 a 1,78 milhão de toneladas, ante 1,158 milhão em 2004, devido a um aumento na área plantada e no rendimento.

Biasco disse que os produtores devem partir para o plantio de cereais como trigo soft no Norte do país, milho no Nordeste e trigo duro no Sul.

Ele afirmou que estes produtos seriam menos remuneradores que o açúcar atualmente, mas descartou tomate, tabaco e arroz como possíveis alternativas à beterraba.

Já os produtores que seguirem na atividade devem buscar um aumento de produtividade, potencialmente para cerca de 10 toneladas por hectare para os mais eficientes, ante um rendimento médio no momento de 7 toneladas.

Biasco também afirmou que o governo considera possíveis ajudas para conversão das fábricas de açúcar italianas para a produção de etanol, observando que seria mais competitivo produzir o combustível a partir de grãos do que de beterraba.

A Itália agora tem 19 unidades produtoras de açúcar.

“A atual crise energética vai tornar mais importantes os biocombustíveis”, afirmou ele, citando que uma ajuda do governo seria necessária para o desenvolvimento desta indústria na Itália.

Fonte:
Reuters