Produção industrial brasileira volta a crescer em agosto

09/01/2009

A produção industrial brasileira voltou a crescer em agosto após retrair-se em julho, puxada sobretudo por setores dependentes da renda do consumidor doméstico.

No entanto, em meio a um forte aperto monetário, a indústria vem perdendo força e encontra-se em desaceleração, disse Silvio Sales, técnico da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A atividade subiu 1,1% em agosto ante julho e 3,8% na comparação com igual mês de 2004, superando as previsões de economistas. O dado de julho foi revisto de queda de 2,5% ante junho para recuo de 1,9%.

“Para além das exportações e da manutenção do crédito direto, se observa uma reação naqueles setores que dependem mais da renda do mercado interno, que são os bens semiduráveis e não duráveis”, disse Sales.

“Provavelmente isso está refletindo a redução da inflação – que foi importante na área de alimentos – e a evolução (favorável) dos indicadores de mercado de trabalho”, acrescentou.

Em relação a julho, a atividade de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis subiu 1,6% e na comparação com agosto de 2004, saltou 8,2%.

Sales disse que o nível de produção desse segmento foi em agosto o segundo maior da série histórica, iniciada em março de 2002.

Entre os setores voltados para mercado interno, destacaram-se em agosto Edição e impressão, Bebidas, Farmacêuticos e derivados de petróleo.

Sales enfatizou, no entanto, que o comportamento da indústria é de desaceleração em função do aperto monetário recente.

“Do primeiro para o segundo trimestres, houve um incremento de 2 por cento na produção. Agora do segundo para o terceiro trimestres, esse crescimento deve ser menor. Até agora ele é de 0,3%. Há uma desaceleração em curso, a indústria está em um ritmo menor.”

“Essa desaceleração é justificada pela política monetária mais austera”, afirmou.

Bens duráveis acomodam-se, investimento sobe

O IBGE informou ainda que a produção de bens de consumo duráveis caiu 1,7% contra julho e subiu 13% ante agosto de 2004.

Sales disse que a queda mensal é uma acomodação. “Esse grupo teve altas sucessivas e elevadas. De janeiro a julho, o setor acumula alta de 16,2%. Agora está acomodando.”

Para a maioria dos analistas, a indústria como um todo mostrou acomodação em agosto.

“A produção industrial atingiu um pico em junho e está patinando em um mesmo patamar. Você teve uma desaceleração em julho e em agosto você retomou o patamar de junho. Então não é bem uma expansão, é uma estabilidade em um patamar alto”, disse Sandra Utsumi, economista-chefe do Bes Investimentos.

O IBGE também apontou a acomodação do setor, dizendo que a média móvel trimestral – com alta de 0,3% -, sinaliza “tendência de estabilização em um patamar de produção elevado.”

Os economistas ressaltaram o aumento da produção de bens de capital – uma medida dos investimentos – como um ponto positivo dos dados.

A atividade de bens de capital teve alta de 3,1 por cento em relação a julho e de 3,0% sobre 2004.

“Isso traz uma perspectiva positiva para o BC, porque contribui para manter o (cenário do) hiato do produto bastante positivo”, acrescentou Utsumi.

As maiores altas na comparação com julho ficaram com Fumo (+25,1 por cento), Farmacêuticos (+6,2%), Máquina e equipamentos (+3,2%) e Refino de petróleo e produção de álcool (+2,4%).

Os setores que apresentaram as maiores quedas foram Celulose e papel (-5,7%), Alimentos (-1,4%) e Material eletrônico e equipamentos de comunicações (-3,2%).

No ano, a atividade acumula crescimento de 4,3% e nos últimos 12 meses, de 5,1%.

Fonte:
Invertia
Reuters
7/10/2005