Previdência complementar cresce 42%
09/01/2009
O número de empresas brasileiras que oferecerem planos de previdência aos seus funcionários não pára de crescer. Atualmente, existem 103.975 planos corporativos no país, segundo dados da Associação Nacional da previdência Privada (Anapp), um crescimento de 42% em relação a janeiro.
Até setembro, o volume de arrecadação em novos recursos por estes planos chegou a R$ 2,563 bilhões, um aumento de 27% em relação ao mesmo mês de 2003. O total de reservas técnicas (formadas pelos recursos dos participantes dos fundos) está na casa dos R$ 12 bilhões.
Segundo os analistas, a previdência complementar se transformou em um dos principais benefícios oferecidos pelas empresas, um atrativo para atrair (e manter) talentos.
Na Brasilprev, a empresa de previdência complementar do Banco do Brasil, o crescimento dos planos corporativos este ano está em 48%, informa seu presidente, Eduardo Bom Ângelo. Apenas nos planos corporativos, foram arrecadados R$ 177 milhões este ano. A expectativa é que o total de recursos destes planos chegue a R$ 2 bilhões até o final do ano.
Algar, Aché e a Rhodia-Ster estão entre as empresas que fizeram planos com a Brasilprev. Segundo Bom Ângelo, a Brasilprev foi criada para oferecer apenas planos individuais, mas resolveu entrar no segmento corporativo em 2001. Hoje, é a quarta maior do mercado, com participação de 7%, segundo a Anapp.
O Bradesco e o Unibanco estão empatados no primeiro lugar, com 29% do mercado cada um. “Os planos empresariais são o foco do banco”, diz Antônio Trindade, diretor da Unibanco AIG. A instituição fez planos para empresas como Microsoft, Rede Globo e Ripasa Papel e Celulose. A previsão é arrecadar em torno de R$ 850 milhões com os planos empresariais este ano. Em 2003, foram R$ 700 milhões e, no ano anterior, R$ 350 milhões. “Sem oferecer previdência complementar, fica difícil atrair novos talentos para a empresa”, diz.
Antônio Carlos Bouéri, diretor de recursos humanos da sueca SKF, que fabrica rolamentos, concorda. “Resolvemos oferecer a previdência complementar como um diferencial para atrair e reter talentos”, diz. O banco escolhido pela sueca foi o Bradesco. A SKF tem 621 funcionários no Brasil e a adesão ao plano foi de 50%. A contribuição pode chegar a 10% do salário (7,5% do funcionário e 2,5% da empresa).
Na Bradesco Vida e Previdência, o crescimento dos planos empresariais este ano está em 40%. Entre as recentes conquistas está a mineradora Caemi. Segundo Marcos Antonio Rossi, presidente da instituição, mesmo entre as grandes empresas, ainda há espaço para crescer. Cerca de 70% de grandes companhias já oferecem previdência complementar (seja via planos corporativos ou fundos de pensão fechados). Ou seja, pelos cálculos de Rossi, há ainda 30% de grandes empresas que não oferecem estes planos, sem contar as pequenas e médias, estas últimas, a maior aposta dos bancos para 2005.
Para Oswaldo Nascimento, presidente da Anapp e diretor do Itaú, a expectativa do mercado é que o crescimento fique ainda mais acelerado no ano que vem, com a entrada da MP 209, que estabelece um novo regime tributário para as entidades de previdência complementar. “Se não houver um incentivo tributário, as empresas não vão oferecer previdência complementar”, diz.
Com a entrada da 209, a MP 2222, considerada um empecilho para o desenvolvimento do mercado (sobretudo para pequenas e médias empresas), deixa de vigorar. A 2222 impede, por exemplo, que empresas com lucro presumido deduzam a contribuição que faz para seus funcionários do Imposto de Renda (IR). Uma das sugestões da Anapp é uma flexibilização dos recursos do FGTS. A idéia é que parte do dinheiro do fundo vá para previdência complementar.
As primeiras empresas a oferecer previdência complementar foram as multinacionais, seguindo as práticas da matriz. Depois vieram grandes companhias brasileiras. “Agora, a tendência é que empresas menores passem a oferecer o benefício”, diz Trindade, da Unibanco AIG.
Estruturar um plano de previdência empresarial não é fácil. Segundo Sergio Angelim, diretor de previdência privada da Real Seguros, entre o início das conversas com as empresas e o funcionário passar a ter o benefício, pode demorar mais de dois anos. “São várias conversas, principalmente para resolver as características do plano”, diz. Entre os novos clientes da Real Seguros está a Golden Cross.
A principal vantagem destes planos, segundo Andrade, da Unibanco AIG, é que após fechar o contrato, a relação da empresa com o banco é de longo prazo. A principal reclamação, segundo Bom Ângelo, da Brasilprev, é que a forte concorrência derrubou o valor das taxas de administração, a principal fonte de ganhos dos bancos (junto com a taxa de carregamento). “As margens estão muito apertadas”, diz.
Valor Economico
3/11/2004