Presidente do Banco Central diz que juros podem subir no futuro
12/09/2012
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não descarta a possibilidade de a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, voltar a subir no futuro.
"Não abandonamos o ciclo monetário. Vai ter aumento e reduções [dos juros] no futuro", declarou nesta quarta-feira (12) durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
Atualmente, os juros básicos da economia brasileira, fixados pelo Banco Central tendo por base, teoricamente, a busca pela meta central de inflação de 4,5% em 2012, 2013 e 2014, estão em 7,5% ao ano – os menores da história. Os juros vêm caindo sistematicamente desde agosto do ano passado e o mercado financeiro acredita que a taxa ainda cairá mais uma vez, em outubro, para 7,25% ao ano.
Entretanto, os analistas também preveem subida dos juros a partir de março do ano que vem, para 7,5% ao ano, avançando para 7,75% ao ano em agosto de 2013 e para 8% ao ano em outubro do próximo ano. A previsão dos economistas dos bancos para os juros no fim do ano que vem, e de 2014, está em 8,25% ao ano e em 9% ao ano, respectivamente.
Sistema de metas
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas de inflação, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012 e 2013, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. No ano passado, o IPCA, ao somar 6,5%, ficou no teto do sistema de meta.
Comportamento da inflação
A declaração de Alexandre Tombini, presidente do BC, sobre a taxa de juros acontece em um momento de subida da inflação. Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a chamada "inflação oficial", ficou em 0,41%, a maior taxa para o mês em cinco anos. No acumulado no ano, o índice ficou em 3,18% – abaixo da taxa de 4,42% verificada em igual período do ano passado. Em 12 meses, porém, o IPCA acumula alta de 5,24% – superior à variação de 5,20% registrada nos 12 meses anteriores.
O próprio Banco Central admitiu, na ata do Copom divulgada também na última semana, que sua projeção de inflação para 2012 subiu tanto no cenário de referência (juros estáveis em 8% ao ano e câmbio em R$ 2) quanto no cenário de mercado. Em ambos os casos, a estimativa já estava acima do valor central de 4,5% da meta de inflação e subiu ainda mais.
"Para 2013, entretanto, a projeção de inflação se manteve estável em ambos os cenários, nos dois casos, acima do valor central da meta", acrescentou. O mercado financeiro acredita que o IPCA ficará em 5,24% neste ano.
Choque de 'commodities'
De acordo com o presidente do BC, houve um aumento, nos últimos meses, dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e petróelo, por exemplo), o que está afetando a inflação no Brasil.
De acordo com ele, o preço internacional das commodities subiu 14,2% entre 21 de junho e 19 de julho, ao mesmo tempo em que os preços dos "produtos in natura" aumentaram 14% entre junho e agosto. Acrescentou, porém, que esse "choque de commodities" deve ter duração mais curta do que aquele registrado em 2010 e 2011 e "magnitude menor".
Segundo Tombini, embora o cenário para a inflação no curto prazo tenha sofrido com reduções da oferta por conta de eventos climáticos, os sinais são favoráveis em prazos mais longos. Ele acrescentou que a inflação caminha para a trajetória de convergência para a meta central de 4,5%, mas "de forma não linear".
Fonte:
G1