Preços na zona do euro recuam mais que o esperado em dezembro e devem levar BCE a agir

07/01/2015

BRUXELAS (Reuters) – Os preços ao consumidor na zona do euro caíram mais do que o esperado em dezembro devido à energia muito mais barata, mostrou a primeira estimativa da agência de estatísticas europeia nesta quarta-feira, o que devem levar a um programa de compra de títulos governamentais pelo Banco Central Europeu (BCE).

A Eurostat informou que os 18 países que usam o euro registraram deflação de 0,2 por cento em dezembro na comparação anual, contra inflação de 0,3 por cento em novembro na mesma base. A última vez que a zona do euro teve deflação foi em outubro de 2009, de 0,1 por cento.

Economistas consultados pela Reuters esperavam recuo de 0,1 por cento nos preços. O BCE quer manter a inflação abaixo mas perto de 2 por cento no médio prazo.

A Eurostat informou que o núcleo da inflação, que exclui os voláteis preços da energia e alimentos não processados, repetiram a alta de 0,7 por cento apurada em dezembro na base anual –mesmo nível visto em novembro e outubro.

Mas os preços de energia despencaram 6,3 por cento na comparação anual no mês passado e os alimentos não processados ficaram 1,0 por cento mais baratos, pressionando para baixo o índice geral, apesar da alta de 1,2 por cento no custo dos serviços.

O BCE está preocupado com a possibilidade de um período prolongado de inflação muito baixa mudar as expectativas de inflação dos consumidores e levá-los a segurar as compras na esperança de preços ainda mais baixos, provocando deflação persistente.

Como as taxas de juros já estão nas mínimas, o BCE está preparando um programa de impressão de dinheiro para comprar títulos públicos no mercado secundário visando a injetar ainda mais recursos na economia, aumentar a demanda e fazer com que os preços subam mais rapidamente.

Economistas esperam que a decisão de lançar um programa de compra de títulos possa ser anunciada já na próxima reunião do BCE, em 22 de janeiro.

"Estamos em preparativos técnicos para ajustar o tamanho, velocidade e composições de nossas medidas no início de 2015, caso seja necessário reagir a um período muito prolongado de inflação baixa. Existe unanimidade dentro do Conselho sobre isso", disse o presidente do BCE, Mario Draghi, em 1º de janeiro.

A inflação na zona do euro permanece abaixo de 1 por cento, ou o que o BCE chama de zona de perigo, desde outubro de 2013.

(Reportagem de Jan Strupczewski)

 

Fonte:
Reuters