Preços do café caem por causa de chuvas nas lavouras brasileiras
09/01/2009
Os preços do café recuaram ontem nos mercados físico e futuro em função das chuvas nas principais regiões produtoras no Brasil no fim de semana. Na Bolsa de Nova York, as cotações dos contratos negociados para dezembro fecharam cotadas a 107,25 centavos de dólar por libra-peso, com desvalorização de 2,72%. Ontem, a saca de café foi negociada por R$ 236 pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), valor 2,07% menor que os R$ 241 obtidos na sexta-feira.
A região de Guaxupé, no sul de Minas, praticamente não tinha precipitações nos últimos dois meses, segundo o meteorologista da Somar Meteorologia, Paulo Etchichury. Na região de Franca (SP), não chovia desde o fim de julho. As chuvas podem antecipar a florada dos cafezais. “Por causa das chuvas, o mercado passa a acreditar que a safra vai ser maior. Mas já houve perdas nas lavouras, decorrentes da estiagem em abril e maio”, diz o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli.
Segundo Miarelli, se os preços caírem, os produtores vão reter ainda mais as vendas de café, utilizando recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para fazer caixa. O corretor Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, destaca que os preços não deveriam recuar em conseqüência das chuvas nas lavouras, pois, o cenário de “equilíbrio precário entre produção e consumo mundial” prossegue. “A situação é bastante justa. Os estoques vêm caindo ano a ano”, diz Carvalhaes.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a safra 2006/07 em 41,6 milhões de sacas. “A próxima safra será menor. Sem chuvas, pode ser menor ainda”, afirma Carvalhaes. A estiagem foi prejudicial para as lavouras, principalmente, em abril e maio, período de maturação e enchimento dos grãos.
Segundo a Somar Meteorologia, um frente fria deve chegar a São Paulo no próximo sábado, provocando chuvas em pequenas quantidades no estado, no sul de Minas e na Zona da Mata mineira no domingo. “Estamos num período de transição do fim do regime seco para o início das chuvas. As frentes frias estão chegando, mas falta ainda um pouco mais de umidade”, explica Etchichury. Não são esperadas chuvas nas regiões produtoras de café no País até sexta-feira.
Miarelli, do CNC, ressalta que cerca de 20% do café arábica da atual safra ainda não foi colhido, volume que poderia ser prejudicado se houvesse um excesso de chuvas neste momento. “Ainda há muito café que não foi colhido”, diz o presidente do CNC.
Fonte:
Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados
Chiara Quintão