Preço emperra venda da Gas Brasiliano

09/01/2009

O processo de venda da concessionária de distribuição de gás natural paulista Gas Brasiliano está emperrado por conta de divergências entre compradores e vendedores com relação ao preço do ativo. Os donos da Gas Brasiliano, o grupo italiano Eni e sua subsidiária Italgás, não descartam a possibilidade de suspender a venda da concessionária, segundo o Valor apurou.

Os italianos esperavam ofertas entre 50 milhões de euros e 80 milhões de euros (entre R$ 134 milhões e R$ 214 milhões). Mas a melhor proposta apresentada teria sido de US$ 50 milhões (R$ 111, 5 milhões), oferecida pelo consórcio formado pela Petrobras e a portuguesa Galp.

Como havia vários interessados na distribuidora de gás, os italianos esperavam uma disputa maior pelo ativo brasileiro. Mas a espanhola Gas Natural e a colombiana Promigas, fizeram ofertas muito baixas. A companhia mineira de energia elétrica Cemig e a White Martins, em consórcio, apresentaram um valor também inferior a US$ 50 milhões. A belga Suez e a concessionária paulista Comgás, que haviam demonstrado anteriormente interesse no negócio, acabaram desistindo da disputa. O edital de venda da Gas Brasiliano não previa preço mínimo para a oferta.

Fonte próxima às negociações, que preferiu não ser identificada, disse que os vendedores ficaram frustrados com os baixos valores apresentados. Por isso, adiaram em uma semana o prazo para divulgar o nome do vencedor.

O anúncio estava previsto para o fim da semana passada. Mas a Eni avisou aos interessados que deverá chamar os investidores que fizeram as melhores propostas para mais uma rodada de negociações. Caso não entrem em consenso com relação ao preço, a suspensão do processo de venda não está descartada.

Apesar do edital da Gas Brasiliano também não prever uma interrupção da venda do ativo em caso de desentendimentos quanto ao valor do negócio, um outro executivo que está acompanhando as conversas diz que “os donos têm a prerrogativa natural de não querer vender seu negócio a qualquer preço”.

A italiana Eni comprou a Gas Brasiliano em leilão de privatização realizado em 1999 pelo governo do Estado de São Paulo. Ela ofereceu R$ 274,9 milhões, um ágio de 149,9% sobre o preço mínimo de R$ 110 milhões.

O principal problema da concessionária é que ela possui uma área de concessão muito grande, de 141 mil quilômetros quadrados (que abrangem 375 municípios) e praticamente sem redes de distribuição de gás. Isso exige investimentos pesados na construção de gasodutos para viabilizar a venda do gás natural.

Os novos controladores da Gas Brasiliano terão que assumir o compromisso de investir R$ 280 milhões nos próximos quatro anos na expansão da rede de distribuição. Passando dos atuais 168 quilômetros para 525 quilômetros. Os investimentos realizados nos últimos cinco anos somaram apenas R$ 55 milhões. Outro problema enfrentado pela empresa é a dificuldade na obtenção das licenças ambientais para a construção dos gasodutos.

A concessionária também viu os seus planos de fornecimento de gás para termelétricas frustrados com o fracasso do programa termoelétrico nacional. Em dezembro passado, porém, a Eni apresentou um plano de retomada dos investimento à Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE).

Fonte:
Valor Economico
Leila Coimbra
19/10/2005