‘PIB sustentável’ do Brasil cresceu apenas 2% em 20 anos

10/12/2014

A economia brasileira cresceu a uma taxa de 2% de 1990 a 2010, segundo o Índice de Riqueza Inclusiva (Inclusive Wealth Index, ou IRW), publicado pela Universidade de Cambridge. Realizado a cada dois anos desde 2012, o levantamento não se limita à análise do avanço do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, mas também considera o impacto na economia das mudanças em mão de obra, recursos naturais e produção de bens e serviços. As informações foram divulgadas pela BBC Brasil. 

Isolando o PIB per capita, se toda a riqueza produzida pelo Brasil fosse dividida pelo total de habitantes do país em 1990, cada brasileiro levaria para casa quase 4 mil reais naquele ano. Em 2010, vinte anos depois, o PIB per capita seria de 5.604 reais, alta de 40%, bastante superior a do crescimento considerado sustentável no período (2%). O motivo é que, assim como mais bens e serviços foram produzidos, mais recursos renováveis e não renováveis também foram gastos para impulsionar esse crescimento. 

O estudo avalia 140 países e, de forma geral, o PIB per capita é superior ao avanço sustentável na maioria deles. Entre 1990 e 2010, esse indicador cresceu 50% no conjunto dos países pesquisados, inferior aos 6% do PIB que engloba as mudanças no capital produzido, humano e natural.

"O relatório desafia a perspectiva limitadora do PIB. E também destaca a necessidade de integrar a sustentabilidade na evolução econômica e no planejamento de políticas públicas", afirmou Partha Dasgupta, professor emérito de Economia da Universidade de Cambridge e um dos responsáveis pelo estudo.

Outros exemplos, além do Brasil, são Estados Unidos, Índia e China, que cresceram respectivamente 33%, 155% e 523% em renda per capita entre 1990 e 2010. Já quando o desenvolvimento sustentável é analisado, a riqueza inclusiva desses países teria crescido 13%, 16% e 47% em duas décadas.

"Olhar além do PIB e adotar um IRW internacionalmente é fundamental para que a agenda de desenvolvimento sustentável pós-2015 se adeque aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU", acrescentou Dasgupta.

 

Fonte:
Veja