PIB cresceu 4,2% no primeiro semestre
09/01/2009
A economia brasileira produziu no primeiro semestre do ano R$ 816,8 bilhões, sendo que R$ 429,1 bilhões se referem ao segundo trimestre e R$ 387,7 bilhões foram registrados nos primeiros três meses do ano.
Os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam o aumento de 4,2% do total das riquezas produzidas no País nos primeiros seis meses de 2004, em relação ao mesmo período do ano passado – o melhor resultado desde o primeiro semestre de 2000.
De janeiro a julho, a capacidade de financiamento da economia brasileira foi de R$ 14,8 bilhões, contra R$ 1,2 bilhão no mesmo período de 2003. Segundo o IBGE, a diferença é explicada pelo aumento do Saldo Externo de Bens e Serviços, ou seja, o volume exportado em relação às importações saltou de R$ 14,1 bilhões, no segundo trimestre de 2003, para R$ 23,5 bilhões, no segundo trimestre de 2004, o maior valor nos últimos três anos nesse tipo de comparação.
O gerente das Contas Nacionais do IBGE, Carlos Sobral, acrescenta que outro fator fundamental para o resultado foi a amortização das dívidas pelas empresas. “Desde o final do ano passado e primeiro trimestre deste ano, os agentes privados nacionais estão optando pelo pagamento de suas dívidas externas, ao invés de renegociá-las, renovando contratos”, explicou.
No segundo trimestre, a taxa de poupança foi de 24,9%, maior do que os 23,4% do primeiro trimestre deste ano. Ainda segundo Sobral, a taxa foi a maior para segundos trimestres desde o início da série histórica da pesquisa, em 1991. Também a taxa de investimento do segundo trimestre foi a maior para o período desde 2001 (19,9%).
Bndes oferece capital de giro para microempresas
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) vai liberar R$ 2,5 bilhões em financiamentos até dezembro para fomentar a abertura de postos de trabalho no País. O Programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren), lançado em setembro, oferece capital de giro com taxas abaixo do mercado a empresas de micro a grande porte que se enquadrem em setores e municípios selecionados. Os recursos são oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
O superintendente da área de Operações Indiretas do Bndes, Cláudio Bernardo Guimarães, explicou o funcionamento das linhas ontem a empresários gaúchos na sede da Fiergs. Também participaram representantes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Caixa RS e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.
Guimarães destacou que as linhas são oferecidas na modalidade indireta, por meio de aproximadamente cem agentes financeiros parceiros, para micros, pequenas e médias empresas de determinados arranjos produtivos locais. Para este tipo de financiamento foram destinados R$ 1,3 bilhão até dezembro. No entanto, a operacionalização está prejudicada em alguns bancos devido à greve, mas a maioria das instituições já recebe as propostas e adianta o encaminhamento da avaliação cadastral. O limite máximo de crédito é estipulado de acordo com a receita operacional bruta da empresa (até 15% para microempresas, até 10% para pequenas e até 8% para as médias).
A modalidade direta, por acordo realizados com o Bndes, é voltada para as empresas autogestionárias, médias e grandes de certos setores e conta com R$ 1,2 bilhão. Até agora, já foram enquadrados a metade, R$ 600 milhões. Para buscar recursos, essas organizações têm que se comprometer em gerar empregos e aumentar a produção. Os setores e os municípios que podem retirar os recursos em cada modalidade foram identificados por meio de uma pesquisa com base nos maiores geradores empregos. A lista, com 800 cidades, pode ser consultada nas agências bancárias ou no site do Bndes (www. bndes.gov.br).
Taxa de investimento de 18,9% é a maior desde 2001
A taxa de investimentos da economia fechou o primeiro semestre em 18,9%, maior índice desde 2001, quando ficou em 20,2%. Os investimentos tiveram crescimento real (descontada a inflação) de 6,8% e somaram R$ 154,7 bilhões – quase R$ 10 bilhões (em valores ajustados) acima do período em 2003.
Nos primeiros seis meses de 2003, a taxa de investimento havia sido de 17,9% – o crescimento foi de um ponto percentual. Houve um avanço, mas o indicador está abaixo, ainda, da média entre 1994 e 2001 (20,5%) e do desejável para um crescimento anual sustentado da economia, segundo economistas. No primeiro trimestre de 2004 a taxa foi de 19,3% e no segundo ficou em 18,6%. Segundo o IBGE, as duas taxas, por questões de sazonalidade, não devem ser comparadas.
“O quadro é de recuperação gradual. O que interessa é a idéia de que temos de partir de uma taxa de investimento inferior a 20% para chegar a uma taxa entre 23% e 25% e isso vai ser um processo lento. Isso não vai mudar substancialmente de um ano para outro ou de um trimestre para outro”, comentou o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fábio Giambiagi.
O diretor da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), Renato Baumann, explica que as taxas de investimento da região estão abaixo das médias recentes. “De modo geral, as taxas estão bem abaixo do nível histórico do ponto de máximo, que passou dos 20%, o que ainda é bem inferior ao padrão asiático, acima dos 30%”, comentou Baumann. No seu último boletim, o Ipea calculou que, para o PIB crescer 5% ao ano, a taxa deveria ser de 25%.
Os dados do IBGE também mostraram que o País teve no primeiro semestre uma capacidade de financiamento (saldo entre captações e pagamento de compromissos no exterior) de R$ 14,8 bilhões. Isso é explicado, basicamente, pelo aumento de R$ 14,9 bilhões no saldo das exportações de bens e serviços no período com relação ao primeiro semestre do ano passado. Este saldo foi de R$ 38,9 bilhões em 2004. De forma simplificada, as exportações estão cobrindo, com sobras, as necessidades de financiamento da economia.
Isoladamente, a capacidade de financiamento do segundo trimestre foi de R$ 9,6 bilhões, maior valor para o mesmo trimestre da série iniciada em 1994. “Não houve necessidade de financiamento, houve capacidade”, explicou a técnica Adriana Beringuy, citando que os recursos foram em parte usados para a amortização de dívidas, públicas e privadas. No segundo semestre, houve um pagamento total de compromissos de R$ 16,98 bilhões, dos quais R$ 4,23 bilhões foram para amortizações no Fundo Monetário Internacional (FMI).
No primeiro semestre, a taxa de poupança bruta cresceu mais uma vez e chegou a 24,1%, mais alta para os 6 primeiros meses do ano desde 1994. De maneira geral, a poupança bruta é o que sobra dos recursos nacionais para investimento, amortização de dívidas ou apenas estoque dos recursos nacionais. O diretor da Cepal explica que esta taxa indica melhoria das contas nacionais e tende a melhorar as classificações dados ao País pelas agências de risco e o custo de captações externas.
Jornal do Comércio
1/10/2004