Petrobras e estrangeiros investem US$ 2,4 bi na Bacia de Campos
09/01/2009
O projeto colocará em produção o campo de Frade, com reservas de até 300 milhões de barris de petróleo, e deve entrar em operação até o início de 2009
Nicola Pamplona
RIO – Depois de quase dez anos de negociações, a petroleira americana Chevron, a Petrobras e o grupo japonês Frade Japan decidiram tocar um investimento de US$ 2,4 bilhões para colocar em produção o campo de Frade, na Bacia de Campos, com reservas de até 300 milhões de barris de petróleo. O projeto foi apresentado nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, a fornecedores brasileiros e deve entrar em operação até o início de 2009. O pico de produção, de 90 mil barris por dia, será atingido dois anos depois.
O campo foi descoberto pela Petrobras na década de 80 e aberto a parcerias com a iniciativa privada no final dos anos 90, após o fim do monopólio estatal no setor petrolífero. Localizado em águas profundas (cerca de 1,2 mil metros entre a superfície e o fundo do mar) e possuindo óleo pesado, com menor valor de venda, o projeto demorou a sensibilizar a matriz americana da Chevron, sendo aprovado apenas no ano passado.
“Comparando com outros projetos da Chevron, especialmente em águas profundas, 10 anos (para avaliar um projeto)não é um prazo incomum”, disse o presidente da Chevron Brasil, Timothy Miller, ao ser questionado sobre a demora – o projeto Bijupirá-Salema, negociado com a Shell na mesma época, já está em operação há cerca de dois anos.
Miller admitiu que a alta nas cotações do petróleo nos últimos anos contribuiu para que a matriz aprovasse o investimento, que marca a estréia da petroleira americana na operação de campos de petróleo no País. A companhia planeja vender sua parte da produção (que é proporcional à fatia de 52% que tem no projeto) no mercado internacional. Já o gás natural produzido, cerca de 800 mil metros cúbicos por dia, será vendido à Petrobrás e injetado na malha brasileira de gasodutos.
Divisão
A estatal brasileira tem 30% do projeto e o restante está nas mãos da Frade Japan, empresa de propósito específico formada pelas japonesas Sojitsu, novo nome da trading Nissho Iwai, e Impex, do setor de petróleo. Os japoneses foram grandes financiadores de plataformas da Petrobrás no início dos anos 90, quando o mercado financeiro estava fechado para o País, contou o vice-presidente executivo da Sojitsu no Brasil, Masaaki Fujii.
A Chevron contratou a americana SBM para construir o navio-plataforma que será instalado no campo. Segundo o gerente do projeto pela petroleira americana, Michael Mileo, estão sendo avaliados estaleiros no Brasil, em Cingapura e em países do Oriente Médio. “O mercado está muito apertado e vamos avaliar se os estaleiros brasileiros têm condições de receber a encomenda”, afirmou. Além de plataformas de petróleo, a indústria naval brasileira vai construir 22 navios para a Transpetro.
Para o presidente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Elói Fernandez, a indústria nacional tem potencial para fornecer grande parte dos equipamentos. “Faz parte da política da Chevron tentar maximizar as encomendas nos países onde estão os projetos”, afirmou Miller.
Fonte:
estadão.com.br