Peter Mandelson pede que Brasil e Índia contribuam com acordo na OMC

21/07/2008

Genebra, 21 jul (EFE).- O comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, pediu hoje aos países em desenvolvimento "mais competitivos" – como Brasil e Índia – que contribuam para conseguirem um acordo nas negociações que começam hoje na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Mandelson afirmou, durante a abertura da reunião de 30 países da OMC, que nas discussões desta semana a necessidade de um acordo que represente avanços por parte de todos os parceiros será assunto dominante, mas que garanta "uma contribuição justa dos Estados em desenvolvimento mais competitivos".

Os países que se reunirão durante toda a semana tentarão salvar a Rodada de Doha, que começou em 2001 e que tem o objetivo de aprofundar a liberalização do comércio mundial em benefício dos países em desenvolvimento.

O chefe negociador da União Européia afirmou que é crucial conseguir um compromisso em todos os "pilares" ou aspectos da negociação e não apenas na agricultura, aspecto no qual os países emergentes – liderados por Brasil e Índia – pedem sanções aos europeus e aos Estados Unidos.

Do lado europeu, sublinhou Mandelson, a UE será "uma perdedora líquida" em agricultura nesta negociação, por isto reivindica contrapartidas.

A UE solicitará aos Estados emergentes que façam concessões e abram seus mercados às exportações de produtos industriais, como reiterou Mandelson.

"Um grupo de países em desenvolvimento deve aceitar cortes tarifários" em seus produtos industriais, disse Mandelson: "esta é nossa fronteira".

"Estamos mais preparados que outros para esta rodada, mas todos devem entender que necessitamos de algo em contrapartida", declarou Mandelson.

"Estamos apresentando a esta negociação uma reforma radical de nosso apoio agrícola" e, quanto ao acesso a mercado, "a UE deu um corte de 36% em suas tarifas (para a entrada de importações agrícolas) e agora oferece uma redução mínima de 54%".

O comissário afirmou que um acordo esta semana daria um impulso à economia global em um momento de grande incerteza mundial e apontou que os países em desenvolvimento devem perceber que um acordo "faz justiça".

Mandelson expressou confiança de que as negociações dêem resultados "sem precedentes" que gerem fluxos comerciais em benefício dos Estados em desenvolvimento, mas advertiu que a UE não permitirá que saiam da agenda assuntos como a erosão de preferências ou o algodão (cortes de ajudas exigidos aos EUA) Esta "erosão" consiste nos latino-americanos pedirem uma liberalização profunda do comércio agrícola, especialmente dos produtos tropicais – o que é temido fortemente pelos países do grupo África, Caribe e Pacífico (ACP), que gozam de vantagens para entrarem no mercado europeu. Isto significaria para eles perdê-las.

Para o comissário os europeus têm exigências políticas: a garantia de que sejam reduzidas as tarifas aos produtos industriais nos países emergentes e que, neste caso, não haja exceções para setores inteiros que prejudiquem, por exemplo, o setor automobilístico.

A UE pedirá também a abertura em serviços e a proteção das denominações de origem.

 
Fonte:
Efe