Pesquisa científica no Brasil cresce 19% em um ano
09/01/2009
A produção científica brasileira cresceu 19% no último ano, e o aumento foi impulsionado sobretudo por estudos da área de medicina, revelou ontem a Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O país teve entre 2004 e 2005 um aumento de 13.313 para 15.777 no número de artigos publicados em periódicos científicos indexados, o índice usado para medir a atividade de pesquisa. A estimativa foi montada com base em dados do ISI (Instituto de Informação Científica).
“O Brasil cresceu 49% nos último cinco anos, o que significa que provavelmente em três anos vai ocupar a 15ª posição, ultrapassando dois grandes países à nossa frente, a Suíça e a Suécia”, disse o presidente da Capes, Jorge Guimarães, em entrevista coletiva no encontro anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em Florianópolis.
O aumento no número de estudos médicos vem modificando o cenário de publicação científica brasileiro desde 2002, já que historicamente a área de física era a que mais contribuía para a produção total. Desde esse ano, porém, os médicos brasileiros têm publicado mais que os físicos. Em 2005, enquanto os primeiros respondiam por 19,7% da produção, os segundos somavam 15%. Para a Capes, o avanço na produção de artigos médicos se deveu principalmente ao rigor adotado na avaliação dos cursos de pós-graduação da área. “Fizemos três avaliações duríssimas em 1998, 2001 e 2004 e encerramos até cursos em instituições de prestígio.”
Como a publicação é item que conta pontos para a Capes, o comportamento dos pesquisadores mudou. “Antes, as teses saíam e iam só para a prateleira da biblioteca, mas agora estão publicando os artigos [sobre elas]”, diz Guimarães.
Apesar de comemorar o crescimento das publicações, a Capes não divulgou ontem os números médios de impacto dos estudos brasileiros. Esse é o nome dado por cientistas ao fator qualitativo dos estudos –uma espécie de “nota” atribuída a um estudo, com base em fatores relativamente objetivos como número de vezes em que é citado e o prestígio da publicação na qual saiu. Guimarães afirma, porém, que o impacto médio dos estudos brasileiros está de acordo com a produtividade do País. Não haveria portanto, um caso de distorção como o da China, que produz muitos estudos, mas a maioria de impacto baixo.
Apesar do crescimento no número de artigos publicados, também não houve aumento de um indicador científico que serve para medir a atividade em pesquisa tecnológica: patentes. “Com relação a isso, a posição brasileira ainda é muito vexatória”, diz Guimarães.
O Brasil continuou estagnado na 27º posição entre os países que mais depositam patentes, sem fazer jus à participação do país no PIB mundial (o Brasil é a 14ª economia do mundo).
Fonte:
Portal do Meio Ambiente