Pequenas empresas geram dois de cada três empregos
05/02/2010
Estudo do Ipea mostra que essas empresas, com até dez trabalhadores, são responsáveis pela maior parte dos empregos criados na iniciativa privada entre 1989 e 2008
Da Agência Sebrae de NotíciasSegundo o Ipea, 54,4% (38,4 milhões) do total da ocupação nacional do setor privado (70,6 milhões) em 2008 foram criados nessas empresas. Os trabalhadores por conta própria geraram mais postos de trabalho (48,7%), equivalente a 18,7 milhões de vagas.
“As médias e grandes empresas recebem tradicionalmente maior atenção por parte das políticas públicas. Mesmo assim, os pequenos empreendimentos não perderam a importância relativa na geração de trabalho e renda”, diz Marcio Pochmann, presidente do Ipea.
Os dados foram analisados a partir de um conjunto de dados estatísticos primários provenientes do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Cadastro Geral de Empregos e Pesquisas da Economia Informal Urbana), e Ministério do Trabalho e Emprego (Relação Anual de Informações Sociais e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Não foram contabilizados no estudo os funcionários públicos e o setor agropecuário.
Segundo Pochmann, estima-se que entre 2008 e 2020 os pequenos empreendimentos gerem 11 milhões de postos de trabalho. “É recente o olhar diferenciado do Brasil para os pequenos empreendimentos. Tivemos vários avanços nos últimos anos que tem contribuído com essa representatividade, como a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, a criação do Empreendedor Individual, que proporciona proteção social, Cadastro Positivo, Simples Nacional, e compras de safras da agricultura familiar. O Sebrae também tem trabalhado a questão da capacitação dos empreendedores”, afirmou.
Na opinião de Pochmann, a representatividade dos pequenos empreendimentos para o país já justifica o avanço em outras políticas, como a criação de um ministério voltado para o segmento, assim como um banco exclusivo. Assim como facilitar o acesso do segmento a ciência e tecnologia, e criar políticas específicas de comércio externo”, ressaltou.
Pochmann chamou atenção para o fato de que, apesar da alta representatividade de 54,4% dos pequenos empreendimentos privados com até dez ocupados, em 2008, somente 29,4% desse total de vagas encontravam-se submetidos a algum grau de proteção pela atual legislação social e trabalhista. Entre os ocupados por conta própria, somente 16,7% possuíam alguma proteção social e trabalhista, enquanto no empregados assalariados 40,8% registraram contrato de trabalho formal. Entre os empregadores, eram 55,8% com proteção social e trabalhista.
Outro ponto que chamou atenção, segundo Pochmann, foi com relação a jornada de trabalho. Em 2008, 15,4 milhões de ocupados em pequenos empreendimentos (40,3% do total) possuíam jornadas de trabalho superior a 44 horas. No caso dos trabalhadores por conta própria, são 38,5% com jornada de trabalho acima de 44 horas semanais, enquanto entre os empregadores havia 59,4% com atividades laborais superiores a 44 horas semanais.
No quesito etário, percebe-se que 57,6% dos ocupados em pequenos empreendimentos encontravam-se na faixa etária de 25 a 49 anos de idade, com 18,7% com até 24 anos de idade e 23,7% com 50 e mais idade. “Não necessariamente os pequenos empreendimentos surgem como primeiro emprego”, disse Pochmann.
Renda – Em 2008, o rendimento médio mensal do conjunto dos ocupados nos pequenos empreendimentos foi de R$ 902, sendo de R$ 633,03 para os empregados assalariados, de R$ 2.607,00 para empregadores e de R$ 807,34 para os trabalhadores por conta própria. O total da massa de rendimento do segmento ocupacional de pequenos empreendimentos era composto da renda, respectivamente por 26,1% da renda dos empregados, por 27,3% dos salários dos empregados e por 46,6% das remunerações dos trabalhadores por conta própria.
Com relação à distribuição do total das ocupações e da massa de rendimento dos empreendimentos com até dez ocupados por grandes regiões geográficas brasileiras, percebe-se a importância relativa do Sudeste, que respondeu por quase 40% do total dos postos de trabalho e quase 46% da massa de rendimento. Na seqüência aparecem a regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.
Escolaridade – Considerando-se a escolaridade, constata-se que somente 10% dos ocupados em empreendimentos com até dez ocupados encontravam-se na faixa de escolaridade compatível com o ensino superior (completo ou incompleto). Os demais trabalhadores ocupados possuíam escolaridade do ensino fundamental (48,2%) e do ensino médio (41%).
Por setor de atividade econômica, nota-se que o segmento dos pequenos negócios registrou maior concentração ocupacional no ramo do comércio, alojamento e alimentação, com 40,2% do total dos postos de trabalho, seguido da educação, saúde e demais serviços coletivos (16,5%), da indústria (14,8%), da construção civil (14,7%), transporte e comunicação (6,5%) e outras atividades (7,3%).
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