Países emergentes tomam de assalto indústrias de países desenvolvidos
09/01/2009
MOSCOU, 24 nov (AFP) – Os recentes investimentos, ou propostas de compra, de empresas siderúrgicas de Brasil, Índia e Rússia na América do Norte e Europa ilustram o crescente poder de algumas economias emergentes nesta nova fase da globalização.
A brasileira CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) espera lançar em “duas ou três semanas” uma oferta formal de compra pelo controle da anglo-holandesa Corus, informou no último fim de semana Benjamim Steinbruch, presidente da empresa número três do aço no Brasil.
A CSN ofereceu não oficialmente 5,3 bilhões de libras (cerca de 10,07 bilhões de dólares) por 100% da Corus, superando uma oferta anterior do grupo indiano Tata Steel de 5,1 bilhões de libras (aproximadamente 9,7 bilhões de dólares).
A compra converteria o grupo brasileiro – que em outubro anunciou a fusão com o americano Wheeling (WPC) – no número cinco das siderúrgicas mundiais.
A oferta da CSN aconteceu poucas semanas depois da compra da canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) por um montante que deve chegar aos 17,6 bilhões de dólares, na maior operação desse gênero feita por uma empresa latino-americana.
A Vale do Rio Doce, que já era uma gigante da mineração, vai se tornar a número dois mundial do setor, com um valor de aproximadamente 77 bilhões dólares, situando-se atrás da britânica BHP Billiton (135 bilhões de dólares).
Mas apesar da ofensiva brasileira, a Tata Steel não desistiu da Corus.
O grupo indiano já notificou a Comissão Européia de seu projeto de compra (Oferta Pública de Aquisição, OPA) da Corus. A partir de agora, a Comissão dispõe de quatro semanas para examinar a operação e determinar se ela afeta ou não a livre concorrência na Europa. A Índia (mais de 1 bilhão de habitantes) e o Brasil (primeira economia latino-americana) estão entre os maiores países emergentes do planeta, ao lado da Rússia, grande produtor de hidrocarbonetos, cuja receita se multiplicou nos últimos anos graças ao aumento dos preços do petróleo.
A siderúrgica russa Evraz, da qual o multimilionário russo Roman Abramovich possui 41%, anunciou esta semana ter assinado um acordo de 2,3 bilhões de dólares para comprar a americana Oregon Steel Mills e criar uma base de expansão nos Estados Unidos.
Com esta operação, a Evraz ficaria entre as 10 primeiras do setor de aço no Rússia e assumiria a liderança na Rússia.
“Rússia, Brasil e Índia compram ativos industriais nos países ricos, que abandonam o setor manufatureiro, porque não se trata de uma atividade com suficiente valor agregado, para se concentrar no setor de serviços”, explicou Charles Robertson, economista especializado em economias emergentes do banco ING.
“A direção dos fluxos de investimento e dos fluxos comerciais está alterando, e isso significa uma maior integração da economia mundial”, disse Kamal Nath, ministro indiano do Comércio, em entrevista ao International Herald Tribune, publicada na terça-feira.
“A Rússia é muito mais rica graças ao aumento dos preços do petróleo e das matérias-primas, como o aço, o que permite às siderúrgicas russas, mas também às brasileiras e indianas, dedicar muito mais dinheiro para suas aquisições”, observa Christopher Weafer, analista do banco Alfa em Moscou.
Fonte:
AFP