O ouro volta a reluzir no mercado internacional

09/01/2009

O comportamento do mercado financeiro mundial tem como principal bússola as taxa de juros norte-americanas e os chamados treasuries (títulos de renda fixa emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos), com prazo de 10 anos de vencimento. Quanto maior a taxa paga pelo título, mais aumentam as apostas de enfraquecimento da economia mundial.

Nos últimos tempos, a taxa básica de juros dos EUA não tem parado de subir, e o indicador chegou a encostar no preço dos papéis de 10 anos. Quando o Federal Reserve age, ele procura conter os efeitos no curto prazo, mas possui uma certa dificuldade ao atuar no longo prazo.

O déficit público norte-americano pode levar o mundo a um colapso. As projeções não são muito animadoras: analistas projetam o indicador em 5% neste ano, mas até 2008 esse valor pode chegar a 8%.

O quadro mais provável para os próximos anos indica que a economia global vai aumentar a correção desse déficit a partir da elevação dos juros, o que exerce efeito direto nas cotações das commodities. Ou seja, cada correção da transação corrente implica em ameaças de desvalorização do dólar.

Além disso, analistas apostam que em 2006 o petróleo poderá manter o stress, o que exerce um efeito negativo nos investidores de uma forma geral.
Junto com dólar e petróleo, o ouro volta a ganhar força nas análises internacionais uma vez que, além de ser uma commodity, ele é um investimento e uma moeda de troca que funciona tão bem ou até melhor que dinheiro.

Em relatório, o presidente da consultoria H.C. Wainwright, R. David Ranson, considera o ouro “o mais poderoso indicador de antecedente de inflação e juros, capaz de antecipar suas variações com espaço de um ano à frente”.

No estudo, é feita uma comparação da eficiência do petróleo e do ouro como indicadores antecedentes da inflação e dos juros, levando em conta preços ao produtor, custos ao consumidor e títulos do Tesouro norte-americano.

Segundo Ranson, o ouro tem caráter previsível e é capaz de ser impactado previamente por variações de preços e juros com antecedência média de 12 meses. Já o petróleo, nem tanto, apesar de ser usado como referência em projeções econômicas que impactam nas decisões de investidores para o ajuste de suas carteiras.

Como o valor do ouro se mantém constante por muito tempo, qualquer tipo de alteração no preço de uma moeda pode refletir em mudanças na avaliação por parte do mercado. Qualquer ligação entre os elevados patamares de preços do ouro e a disparada dos treasuries norte-americanos pode não ser apenas mera coincidência.

Soma-se a isso as perspectivas pessimistas para a inflação norte-americana e a possibilidade de depreciação do dólar em âmbito internacional.
Apesar do mercado minguar a olhos vistos no Brasil, devido a ausência de grandes crises, as elevadas taxas de juro real e a forte queda do dólar, convém ao investidor acompanhar as oscilações da commodity para ter um parâmetro do que pode acontecer no mercado futuro internacional, principalmente no que diz respeito a inflação e juros.

Fonte:
Dinheiro Vivo
Tatiane Correia