Micro e pequenas sobrevivem mais
21/10/2011
Sócio da Mahler, microempresa que atua no desenvolvimento de softwares, em São Bernardo, Alexandre Mahler viu muita coisa acontecer desde de a fundação do negócio, em 2000. Hoje com 12 funcionários, a companhia está crescendo, em média, 30% ao ano. Mas nem sempre foi assim. "É uma empresa pequena e competir com gigantes do mercado de tecnologia foi complicado. Demoramos até alcançar o resultado", explica o empresário.
Alexandre não está sozinho. O começo é sempre difícil para quem está começando um negócio, mas estudos indicam que os novatos estão no rumo certo.
Pesquisa divulgada ontem pelo Sebrae mostra que entre 100 micro e pequenas empresas abertas no Brasil, 73 continuam funcionando após os dois primeiros anos da inauguração. "As MPEs estão se planejando melhor ao fazer seus planos de negócio. O que inclui estudo sobre seu público-alvo, fornecedores, concorrentes e investimentos necessários. Com isso, pode ser consistente e competitiva no mercado", informa o analista do escritório regional do Sebrae José Roberto Rodriguez Silva.
LEVANTAMENTO – A informação é do estudo Taxa de Sobrevivência das Empresas no Brasil. A pesquisa foi feita com base nos dados registrados pelas companhias na Receita Federal, e levou em conta os negócios que entraram no mercado em 2006 e continuaram suas atividades nos dois anos seguintes.
A pesquisa que apontou a resistência de 73% das empresas, após dois anos de vida, mostra um avanço em relação às MPEs que abriram as portas um ano antes. Entre as que começaram em 2005, 71,9% continuaram ativas após esse período.
Além do planejamento estratégico do negócio estar melhor direcionado, os profissionais estão mais capacitados. De acordo com informações do Sebrae, a escolaridade dos empreendedores também aumentou e, junto disso, a demanda por capacitação profissional. "Cada vez menos brasileiros abrem uma empresa sem conhecimento prévio. Antes, querem entender como deve ser o comportamento do empreendedor, por isso buscam conhecimento em relação à gestão do negócio como um todo", comenta Silva.
SETORES – A indústria é o segmento de mais sucesso quando o assunto é sobrevivência: 75,1% das empresas do ramo mantiveram seus negócios em pé após dois anos de existência. Em segundo lugar vem o comércio com 74,1%. Em terceiro serviços, com 71,7% e, por último, a construção civil, com 66,2%. "A indústria faz a distribuição dos produtos e não está na ponta da cadeia, como o comércio, que trata direto com o consumidor e precisa entender melhor qual é o público e o local de atuação", diz Silva.
Focar o ramo de atuação é bom negócio
O microempresário Alexandre Mahler, de São Bernardo, já enfrentou muitos desafios antes de ver a empresa se consolidar no mercado, principalmente a concorrência. E, para driblar o problema, o primeiro passo do empreendedor foi focar o seu negócio em um único segmento do ramo de tecnologia. "Decidimos desenvolver apenas softwares para os departamentos jurídicos de organizações", explica.
ESTRATÉGIA – O objetivo da empresa, ao oferecer um único produto, era ganhar visibilidade e se destacar entre as companhias que já são consolidadas no ramo. "Como o mercado onde a Mahler está atuando é bem específico, a concorrência é menor", conta. Atualmente o negócio possui contrato com grandes companhias brasileiras, como Itaú e Grupo Votorantim.
PROBLEMAS – Apesar do cenário otimista, 17% das pequenas é médias empresas emperram antes de completar os primeiros dois anos. Os motivos para isso são muitos. "Falta de crédito e clientes, alta concorrência, inadimplência, elevada tributação, desentendimento com o sócio e ainda problemas pessoais do empresário", afirma o analista do Sebrae José Roberto Rodriguez Silva.
Fonte:
Diário do Grande Abc