Mercosul endurece posição em debate para reativar a Alca

09/01/2009

Mar del Plata (Argentina), 3 nov (EFE).- O Mercosul endureceu sua
posição em relação à possível reativação da Área de Livre Comércio
das Américas (Alca), o que travou a redação final da IV Cúpula das
Américas, informaram hoje à EFE diferentes fontes diplomáticas. O presidente dos EUA, George W. Bush, participa nesta sexta da cúpula.

De acordo com as mesmas fontes, este é o último empecilho para a
obtenção de um consenso sobre o conteúdo da declaração e o Plano de
Ação que serão discutidos pelos 32 presidentes das Américas na
cúpula que se iniciará amanhã na cidade argentina de Mar del Plata.

Os porta-vozes disseram que há acordos em todos os tópicos da
“Declaração de Mar del Plata”, exceto no que se refere à abertura
comercial e à integração econômica regional.

Durante uma reunião dos representantes do Mercosul – formado por
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – à margem da cúpula, ontem à
noite, o bloco sul-americano endureceu sua posição e apresentou um
novo texto sobre a questão da Alca.

As fontes diplomáticas garantiram que a mudança de atitude foi
impulsionada pelo Brasil e pela Argentina, os países mais
resistentes à Alca no bloco.

Os dois países exigem a eliminação imediata dos subsídios à
agricultura e das medidas que “distorcem o comércio”, em referência
às práticas econômicas dos Estados Unidos e à União Européia.

Assim, o Mercosul se aproxima da posição da Venezuela, cujos
diplomatas defendem a exclusão de qualquer referência ao projeto de
abertura do comércio promovido pelos EUA nos documentos que serão
debatidos no encontro de Mar del Plata, 400 quilômetros ao sul de
Buenos Aires.

A Argentina, em sua condição de anfitriã da cúpula, tinha mantido
até agora uma atitude mais conciliadora.

De acordo com algumas fontes, as controvérsias chegaram a um
ponto que são motivo de difíceis negociações entre os chanceleres e
podem chegar à mesa de debate dos chefes de Estado.

As fontes admitiram ainda que a busca por consenso impediu
pronunciamentos mais concretos sobre determinados pontos dos
documentos, especialmente os que se referem ao papel dos organismos
multilaterais de crédito e aos fatores econômicos que contribuem
para o fortalecimento da governabilidade democrática.

A pedido do Brasil e da Argentina, o Mercosul propôs que a
declaração reconheça que não há condições para a implementação da
Alca, projeto que deveria entrar em vigor este ano, com uma abertura
gradual das tarifas alfandegárias.

Segundo as fontes, o Mercosul insistiu que, como está sendo
colocado, a Alca não promove a eqüidade e o acesso efetivo aos
mercados que os países em desenvolvimento da região necessitam.

Além disso, o bloco reivindica que sejam levadas em consideração
as sensibilidades e fraquezas “de todos” os países do continente,
assim como seus diferentes níveis de desenvolvimento, explicaram.

Os EUA e um grupo de países com os quais Washington já tem
acordos comerciais, entre eles o Chile e o México, defendem que seja
convocada uma reunião ministerial até abril para buscar uma forma de
reativar a Alca.

Fonte:
agencia efe
3/11/2005