Meirelles diz haver chance de crise nos EUA contaminar economia real global

BRASÍLIA – O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse ver a possibilidade de a crise de crédito nos Estados Unidos contaminar a economia real global. “Existe algum nível de risco, sim”, comentou no Senado. Ele alertou que ainda “pode haver surpresas” por efeito dessa crise, que pode se refletir na redução do crescimento da economia internacional.

Inaugurando audiências trimestrais na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Meirelles comentou que o cenário básico com o qual o BC trabalha para a crise de hipotecas americanas é de que “o mundo sofrerá menos que os Estados Unidos”.

Segundo ele, a economia americana deve crescer bem menos do que se esperava antes e a economia mundial terá uma desaceleração menor no ritmo de crescimento do que os Estados Unidos.

“Se houver recessão nos EUA aí, sim, pode ocorrer um reflexo maior no crescimento geral”, notou o titular da autoridade monetária brasileira.

Ele chamou a atenção para a existência de algumas incertezas em relação à dimensão da crise e citou como exemplo o desconhecimento do grau de exposição dos bancos europeus aos investimentos subprime (de maior risco). “Pode haver surpresas. Daí o grau de incerteza ainda existente”, completou.

Ao responder a questionamentos dos senadores Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Kátia Abreu (DEM-TO) sobre o impacto da crise, Meirelles manifestou que “o problema da crise americana tem efeito de reduzir a economia real, mas também tem efeitos em outros mercados financeiros”.

De acordo com o presidente da CAE, Aloizio Mercadante (PT-SP), a partir de agora o presidente e diretoria do BC darão explicações a cada três meses aos senadores sobre conjuntura econômica. Meirelles escolheu exatamente a crise de crédito americana como tema para falar hoje aos senadores. Ele explicou a origem dela e apresentou dados para mostrar “que o Brasil vem tendo um desempenho favorável superior aos demais emergentes”.

Fonte:
Azelma Rodrigues
Valor Online