Marinho descarta mínimo de R$ 400

09/01/2009

Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC

Salário mínimo de R$ 400 está descartado. Essa é a informação dada neste domingo pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, no encerramento do 5º Congresso dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo. O valor é uma reivindicação das centrais sindicais.

Marinho ressaltou, entretanto, que o valor será superior aos R$ 321 que constam da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), como já havia dito anteriormente. O valor hoje é de R$ 300. “Certamente o salário mínimo de 2006 não será de R$ 400 como as centrais reivindicam. Mas certamente também não será de R$ 321, como previsto na LDO. Nós encontraremos espaço entre os dois valores”, afirmou Marinho, ex-presidente da CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Segundo o ministro, o novo valor do mínimo só será anunciado em reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os líderes sindicais que organizam a marcha para Brasília pelo aumento do mínimo pela correção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física). “Só o presidente Lula anunciará o valor do mínimo, em audiência com as centrais sindicais em meados de dezembro.”

Seis centrais sindicais, tendo à frente CUT e Força Sindical, vão a Brasília entre os dias 28 e 30 de novembro, quando devem se reunir com ministros de diferentes pastas – estão previstos encontros com Marinho, Paulo Bernardo (Planejamento), Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Roussef (Casa Civil).

O ministro reafirmou a proposta de enviar até março um projeto de lei com reajustes para o mínimo acima da inflação para os próximos anos. “Precisamos de uma política de longo prazo, de valorização permanente do salário mínimo. Estamos trabalhando com a comissão quadripartite (que estuda políticas para o mínimo) para que no mais tardar em março de 2006 tenhamos as condições de oferecer ao Congresso Nacional o projeto de lei.”

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, um dos organizadores da marcha a Brasília, minimizou a afirmação de Marinho sobre a impossibilidade de reajuste para R$ 400 e afirmou que um aumento do salário mínimo para mais de R$ 321 “já será uma boa notícia”.

“Se conseguirmos um reajuste superior a R$ 350, teremos um aumento acima da inflação em torno de 10%. Desconheço qualquer categoria de trabalhadores que tenha conseguido um reajuste nesse nível. O que precisamos é uma política de valorização a longo prazo do mínimo, e é o que o ministro sinalizou”, afirmou.

IR – Marinho também afirmou que o percentual de correção da tabela do Imposto de Renda “certamente não será o de 13%”, valor reivindicado pelas centrais sindicais.

“No ano passado tínhamos uma defasagem de 17%, dos quais 10% foram aplicados neste ano. Em 2005, a inflação do período mais os 7% alcançam 13%. Vamos, avaliando o orçamento do ano que vem, determinar um percentual possível”, afirmou.

O 5º Congresso dos Metalúrgicos do ABC, que definiu diretrizes para atuação dos metalúrgicos da CUT em São Bernardo e Diadema para os próximos anos, contou com participações “ilustres” desde o seu início, no dia 3 de outubro.

O presidente Lula esteve presente na abertura do congresso e o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, participou do evento na última sexta-feira. A filósofa Marilena Chauí também proferiu palestra durante o congresso.

Fonte:
Diario do Grande ABC